JIRAU DI/VERSO Nº 2

Abril.2006
por Enzo Carlo Barrocco

A Poesia Pernambucana de Adelmar Tavares

O POEMA

Poema sem título

Uma barquinha branca... uma cabana...
e em volta da cabana coqueirais...
o mar em frente... A vida soberana
de ser pobre e pescador...
           viver feliz com o teu amor
           e nada mais.

Ou no cimo do monte – uma choupana...
e em volta da choupana – laranjais...
Soprar a flauta quérula de cana,
ter um rebanho e ser pastor...
         viver feliz com o teu amor
         e nada mais.

O POETA

Adelmar Tavares da Silva Cavalcante (Recife 1888 – Rio de Janeiro 1963) poeta pernambucano. O maior trovador do Brasil ganhou em 1997 uma biografia completa escrita pelo poeta e ensaísta paranaense Eno Teodoro Wanke (Ponta Grossa 1929 – Rio de Janeiro 2001). Embora tenha sido um sonetista exímio e tivesse escrito belíssimos poemas livres, a trova foi, realmente, o principal ofício do poeta. Adelmar pertenceu à Academia Brasileira de Letras.

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Estante de Acrílico
Livros Sugestionáveis

Menina que vem de Itaiara (Romance)
Autora: Lindanor Celina
Edição: Cejup / Secult / A província do Pará
Romance autobiográfico no qual a autora relembra sua infância numa pequena cidade do interior do Pará. Um texto leve, deliciosamente descompromissado.

A Hora Flava (Poesias)
Autor: Ronald Figueiredo Monteiro
Edição do Autor
A poesia deste pernambucano é impregnada de religiosidade. Pelo menos, aqui, em “A Hora Flava” esta religiosidade está mais acentuada. Ronald é um excelente poeta.

Zorba o Grego (Romance)
Autor: Nikos Kazantzakis
Edição: Abril S.A.
O clássico romance de Kazantzakis e sua obra mais conhecida., Em “Zorba, o Grego”, o angustiado e inquieto Kazantzakis está soberbo.

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A FRASE DI/VERSA

``Tudo o que acontece uma vez pode nunca mais acontecer. Mas tudo o que acontece duas vezes, acontecerá, certamente, uma terceira”.
- Paulo Coelho (Rio de Janeiro 1947) romancista, compositor e jornalista fluminense

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DA LAVRA MINHA

AINDA CABE UM ÚLTIMO AVISO

Enzo Carlo Barrocco

As flores, soubessem todos,
a alegria que dá sentir
o aroma.

Diriam de jardins suaves,
roseirais iluminados,
belezas que não se vêem mais.

Seríamos imprudentes
levantarmos prédios
sobre cadáveres belíssimos.

Fiquemos sem flores e plantas
e insetos e pássaros;
nossas almas desmanteladas.
Enzo Carlo Barrocco
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 03/04/2006
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