Em seus dezessete anos de história, a Unimed Poços de Caldas perdeu hoje, pela primeira vez, um de seus colaboradores. Seu nome: Adilon.
Foi uma perda que comoveu a todos, não pelo fato dele ser funcionário da empresa apenas, mas, principalmente, pela pessoa humana que era o "garoto" Adilon Lenon de Aguiar. No auge dos seus quase 23 anos de idade, sendo 4 anos e 9 meses divididos conosco, Adilon sempre trazia no rosto um sorriso aberto, fraterno, amigo. Uma conversa agradável de gente que prova que educação e caráter não dependem do quanto você tem ao dispor de seu conforto ou de suas condições de estudo, mas principalmente do exemplo que encontramos em nossos lares, das relações que estabelecemos ao longo de nossa existência e da nossa natureza, que é a força pela qual a gente aproxima ou afasta as coisas boas e ruins em nossa vida.
No caso dele, sua aura clara transmitia uma paz que contagiava. Era de sua natureza captar o que havia de melhor em nós e devolver alegria por onde passava.
Adilon não se queixava – ia atrás das oportunidades. E quando não as via, ele mesmo punha-se a construí-las. Fazia amigos por onde passava e doava-se a quem precisasse de uma palavra sincera e amiga sem pedir nada em troca. Adilon não se valia dos subterfúgios materiais para ser uma pessoa feliz. Não que ele fosse perfeito, pois se o fosse ainda aqui estaria (ou nem teria por aqui passado), mas tinha a inteligência de saber que daqui nada se leva e que, mesmo sendo boas, as coisas efêmeras que nos aprazem aqui, trazem consigo uma ilusão tão efêmera quando elas e o que fica mesmo é o sabor das relações que tivemos, dos abraços que trocamos, das conversas qur tivemos, dos encontros que a vida nos traz e das pessoas que amamos.
Dizem os humanos, em sua pobre convenção moral decadente, que Adilon era um portador de necessidades especiais - um "deficiente".
Quem é deficiente? Acho que deficientes mesmo somos nós, que por vezes esquecemos de amar as pessoas que nos amam; que somos às vezes duros demais nas palavras com nossos filhos ou curtos demais na paciência com eles. Deficientes mesmo somos nós que reclamamos do frio, do calor, da chuva, da dor de cabeça. Temos tudo aos nossos pés e queremos sempre mais. Deficientes somos nós, muitas vezes incapazes de aceitar as mudanças que a vida nos propõe, de amar sem medo, de sermos fiéis a nós mesmos.
A perda, certamente traz uma dor, principalmente para aqueles que dividiram muitos momentos com nosso amigo. Mas a despeito da dor da saudade, ficamos nós com a certeza de que fomos agraciados com a dádiva de tê-lo em nossas vidas e aprender com ele que a vida é frágil demais para rancores, ciúmes infundados, soberba, egoísmo, falta de amor próprio ou qualquer tipo de excesso. Pois que até o amor quando é demais vira doença, porque impede o viver. A vida é pra rir ou chorar, gritar ou silenciar, correr ou parar, ouvir ou falar, pedir ou se dar, desde que seja vivida.
E se um lágrima aportar aí agora, dê-lhe guarida e deixe-a rolar, não em pesar pela lacuna que aqui ficou, mas em agradecimento pelos momentos intensos e felizes que ele nos proporcionou.
Não importa sua crença, Adilon passou por aqui e VIVEU! Aprendeu e ensinou, lutou e construiu, e encantou.... encantou na simplicidade de saber que 23 anos não é pouco pra quem sabe o que é viver.
Até breve amigo.... e obrigado!