O amor essencial – Uma reflexão drumondiana

São vários os poetas que escreveram e escrevem sobre o amor. Alguns deles de forma intensa, comovente e exuberante deixando letras imortais em seus versos fruto de lavras privilegiadas de talento raro. Um desses poetas é o Carlos Drummond de Andrade ao qual nutro enorme simpatia e desde a infância aprecio seus poemas.

Tenho por Drummond um misto de empatia, sinergia e fascínio pela magia como ele me toca de forma simples e direta sobre a vida, como se escrevesse para os meus olhos ou declamasse para meus ouvidos os seus escritos me ensinando a viver.

Claro que há monstros sagrados como Fernando Pessoa, Pablo Neruda e tantos outros que nos encantam pelo estilo e construções poéticas belíssimas e imorredouras. Mas Drummond, para mim foi como uma espécie de amor a primeira vista, não mais esquecido e fico sempre comovido ao ler algo dele. Lembro com saudade, por exemplo, de um de seus poemas título desta reflexão...

(...) “Amor – Pois que é palavra essencial” que para mim é uma das mais belas páginas da literatura poética contemporânea. Não me canso de ler, reler, refletir, degustar, apreciar e aqui não me furto a copiar algumas de suas passagens maravilhosas e memoráveis à libido dos amantes e apreciadores dessa difícil arte.

“(...) Amor guie o meu verso, enquanto o guia, reúna alma e desejo, membro e vulva...

Quem não sente no corpo a alma expandir-se até desabrochar em puro grito de orgasmo, num instante de infinito?”

E aqui então nesta estrofe magnífica de uma sensualidade delicada que é a mais linda aula de amor intenso...

“ A delicioso toque do clitóris, já tudo se transforma, num relâmpago. Em pequenino ponto desse corpo, a fonte, o fogo, o mel se concentraram. (...)” E num sofrer de gozo entre palavras, menos que isto, sons, arquejos, ais, um só espasmo em nós atinge o clímax. É quando o amor morre de amor, divino.”

Ah! Drummond... Muito obrigado! Você para mim é o mestre dos mestres e sou teu cativo devoto aqui prostrado. Não consigo ler você sem ter um papel ao lado para ir depositando ali o ouro lapidado do que de ti apreendo, porque assim interiorizo bem os teus versos como a querer tatuá-los em meu coração, na minha pele, na minha alma.

Sinto pela tua obra Drummond, uma incurável febre poética que só é curada e me aquieta depois desse exercício litúrgico de vir aqui desavergonhada mente plagiá-lo nesta reflexão inocente, meio que vestida de prosa, crônica, meio que ensaio de homenagem ou confissão de tiéte que reconhece no poeta sua influência para o despertar da poesia.

“(...) Era manhã de setembro e ela me beijava o membro”

“ No mármore da tua bunda gravei meu epitáfio. Agora que nos separamos, minha morte já não me pertence. Tu a levaste contigo.”

Amor, amor, amor – O branco radiante que me dá, pelo orgasmo, a explicação do mundo. (...) é amor se esvaindo ou nos tornamos fonte?”

Hildebrando Menezes

Nota: In Memorian a Carlos Drummond de Andrade

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 21/11/2008
Reeditado em 21/11/2008
Código do texto: T1295436