CAPOEIRA na Terra do “Monte Belo”
Após séculos vivendo na mais total marginalidade, a nossa arte-luta tornou-se, finalmente e merecidamente, patrimônio cultural do Brasil. Seus grandes ícones foram, sem sobra de dúvida, os saudosos Mestres Bimba (Capoeira Regional) e Pastinha (Capoeira Angola). Ambos nem em seus mais gloriosos sonhos puderam imaginar que a sua influência, perseverança e “vadiação” assumiriam um papel de destaque no cenário mundial. A capoeira é hoje o maior divulgador da língua portuguesa e da cultura brasileira em terras estrangeiras. Estima-se que mais de 130 países pratiquem a nossa arte. Todo o ritual, seja qual for a nação, é realizado na língua portuguesa. Em alguns Grupos, como é o caso do Porto da Barra, do qual faço parte, as maiores graduações estão condicionadas a vindas periódicas ao Brasil. O dendê está aqui!
Ainda existe um longo caminho a ser percorrido. Existe muita fragmentação de didática e ideologias. São várias as federações com objetivos e estruturas diferentes. O sistema de graduação varia conforme estas e por ai vai.
Em nossa terrinha, lembro-me bem quando ouvir falar dessa tal capoeira. Tinha entre 11 e 12 anos, morava com Vó Cantídia. Nos intervalos dos meus afazeres, juntava-me a Mauro – Sã –, Manezinho e o “Padeiro” (este nos dava aulas e só me recordo apelido). Treinávamos num sótão próximo à Pensão Cardoso, onde hoje se localiza um frigorífico. Por vezes também treinávamos com Abraão, e em outras, na nossa Lagoa. Ali tive, inclusive, o meu primeiríssimo contato com a capoeiragem. Após isso, só iria reencontrá-la 10 anos depois. Tempos bons!
Em 2003, já graduado do meu Grupo, reencontrei velhos amigos que, agora, tinham em comum a mesma paixão: a “Luta Baiana”. Moisés, Adelson, Pé de Mola, Mestre Jilvan, Professor Miro (esses dois últimos de Acajutiba), dentre outros poucos, experimentaram uma capoeira dura em todos os sentidos e no maior deles, no da falta de apoio público e privado. Mesmo assim, a capoeiragem nunca mostrou fraqueza em Aporá.
Com o apoio que conseguia dar a essa galera, ministrava as minhas aulas na beira da Lagoa para os camaradas. Participava dos eventos, palestrava, incentivava, descolava alguns abadás, fazíamos rodas improvisadas e assim seguimos.
Atualmente, já com a supervisão do CMestre Gavião (amigo maravilhoso!) e com o apoio de membros da comunidade, tais como Tonhão e Mônica, aqueles lutadores tornaram-se grandes capoeiristas, espalhando seus talentos entre mais de 60 alunos vindos dos mais distantes recantos aporaenses e da Sede.
Sinto-me realizado em fazer parte dessa história, pois acredito que aqui sim, temos que “investir” o nosso tempo, na preservação e propagação da nossa cultura.
A Capoeira é nosso amor!