Saudades dos meus pais no Dia de Finados
Eram 9:00h da manhã do dia 02 de novembro de 1978 e o velocímetro do táxi que eu dirigia, marcava 100 km por hora na Avenida Brasil.
No banco traseiro, o passageiro aflito segurava um ramo de saudades e esperava, ansioso, a chegada ao seu infortunado destino, ou seja, o cemitério do Caju, naquele dia de finados.
Rapidamente, fiz um retrospecto mental daquela situação e logo veio em meu pensamento a imagem de minha mãe, tranqüila, serena, sempre me confortando. Veio também a lembrança do meu pai, com aquela aparência falsa de antipatia, mas que na realidade era uma boa pessoa.
À medida que o veículo corria eu já em lágrimas, sentia sensações de segurança, do dever cumprido, de conforto moral e, a de maior importância, de paz interior.
Essas emoções brotadas em mim motivaram-se pelo fato de imaginar como o meu saudoso pai ficaria feliz ao ver o seu filho mais velho, acostumado apenas a serviços leves e de escritórios, dirigir com mestria um veículo automotor e o que é mais importante, profissionalmente, esbanjando categoria e personalidade, qualidades confirmadas pela opinião pessoal do passageiro que, ao saltar, elogiou o meu desempenho.
Parecia estar realizado. Só faltava ouvir aquelas palavras que, por certo, viriam dele: “Meu filho, você dirige bem, é um profissional, mas vê se não corre, pois eu estou ficando velho”.
Entretanto, nada disso aconteceu. O trajeto chegou ao seu final, o passageiro foi embora e novamente transcorreu, de modo normal, a rotina daquele dia, que para mim foi muito penoso, embora viva perfeitamente bem, alicerçado na educação que os queridos e saudosos pais me ofereceram.
Obs: Redação original elaborada em 05 de novembro de 1978.
- Republicação.