AO MARCO SCALABRINO – TRAPANI - SICILIA

PALORI - PALABRAS

Nadir Silveira Dias

Eu ando a procura da palavra certa. Uma palavra que expresse a beleza, sem fugir da verdade. Uma palavra que represente a verdade, sem que seja feia, sem que venha a ferir a ninguém.

Ando a procura de uma palavra que faça amor ao simples enunciado. Uma palavra que cante a vida, que cante a amizade.

Uma palavra que cante a amada Porto Alegre, de 60 casais, a Piratini, de 1789, de 48 casais açorianos, a Viamão, de 1741, o Rio Grande, de 1737, a Santo Antônio da Patrulha, de 1719, a São Luiz Gonzaga, de 1687, a São Nicolau, de 1626.

Uma palavra que cante o Brasil, Portugal, Açores, seus amores, Madeira, Alemanha, amores nossos, Itália, Galícia, nossos amores!

Uma palavra que cante a Grécia, a Normandia, a Provence, a Trapani, a Sicília.

Uma palavra que cante a própria aldeia, a alheia aldeia, e o universal que cada qual expressa e contém.

E não ando só! Marco Scalabrino, da Via Gen. Cascino, na sua Città di Trapani (http://www.comune.trapani.it), na sua Sicília, também canta a sua Terra, o seu Povo, a sua Gente. É dele o poema que segue:

PALORI

Certi palori sunnu duri

duri chiù di autri

a ncrucchittari

Ntantu mi scòncicanu

mi cunnucinu manu manuzza

m’ammustranu mari

e munti

e universi trascinnenti

e poi

addimuranu

s’annacanu tutti e scialanu

si siddianu e l’aju a prijari.

E quannu nfini

comu iddi vonnu

n’attrappu un paru ...

s’ammùscianu di bottu

li curtigghiari

comu ddi veli

abbuturati di bunazza.

Unni è lu truccu allura

mi dumannu

e comu ponnu

e a cui fannu scantari

cristalli raciuppati nna li stiddi

minni amurusi di matri

ciarameddi

trazzeri addumati di libirtà

tozzi di paci

virità:

palori.

Este verdadeiro e essencial momento da palavra, enquanto dona de tudo, está plasmado nesse belo poema que se encontra nas páginas 26-27 do livro TEMPU palori aschi e maravigghi, de Marco Scalabrino, 2002, Francesco Federico Editore, Palermo, Italia, inclusive na tradução que segue:

PALABRAS

Traduzione di Gladys Ramos

Ciertas palabras son duras

Más duras que otras

A poner juntas.

Mientras tanto me provocan

Me llevan de la mano

Me muestran mares

Y montes

Y universos trascendentes

Y después

Se retrasan

Se dan aires y se solazan

Se fastidian y les debo rogar.

Y cuando finalmente

Por su voluntad

Atrapo un par de ellas ...

Se desinflan de golpe

Las chismosas

Como las velas

Desplegadas por la bonanza.

Dónde está el truco entonces

Me pregunto

Y cómo pueden

Y a quién dan miedo

Cristales recogidos entre las estrellas

Senos amorosos de madre

Cornamusas

Senderos iluminados de libertad

Mendrugos de paz

Verdad:

Palabras.

E com a tradução de Gladys Ramos, avantaja-se o número de leitores deste verdadeiro e essencial momento da palavra, enquanto dona de tudo, vertido nas páginas 30-31 do livro TEMPU palori aschi e maravigghi, de Marco Scalabrino, 2002, Francesco Federico Editore, Palermo, Italia.

Deixe-se levar pelas palavras que lhes vai mostrar o mar! Seus frutos, suas especiarias! Veja o belíssimo Templo de Segesta, o Anfiteatro Grego, do Século III, a.C., de onde também se pode ver o mar!

Confira e configure, navegue um pouco pela Città di Trapani!

Escritor e Poeta – nadirsdias@yahoo.com.br

Nadir Silveira Dias
Enviado por Nadir Silveira Dias em 19/03/2006
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