O CANTO DAS CIGARRAS
O canto da corruíra
ecoa pelo quintal,
trinado que sempre ouvira,
mas mal notara eu, ou mal
lhe dera atenção devida,
antes de me achar poeta.
Uma cigarra atrevida,
a primavera decreta;
ao longe um’outra rebate.
A lua inda não surgiu,
mas ao ouvido o meu vate
cochichou, (depois sorriu!):
"-Somente um poeta sabe
dessa arte tão estranha;
só na sua alma cabe
essa garra e essa façanha;
transcreve para o papel
o mundo vivo, lá fora;
faz o retrato fiel
da vida que vibra, embora,
ele mesmo prisioneiro
de sua mente abstrata,
não possa estar por inteiro,
nas cenas que bem retrata."
Sem saber se sou ou não
um poeta de verdade;
lá fora cresce a canção:
-vou viver, que já é tarde...
nilzaazzi.blogspot.com.br
O canto da corruíra
ecoa pelo quintal,
trinado que sempre ouvira,
mas mal notara eu, ou mal
lhe dera atenção devida,
antes de me achar poeta.
Uma cigarra atrevida,
a primavera decreta;
ao longe um’outra rebate.
A lua inda não surgiu,
mas ao ouvido o meu vate
cochichou, (depois sorriu!):
"-Somente um poeta sabe
dessa arte tão estranha;
só na sua alma cabe
essa garra e essa façanha;
transcreve para o papel
o mundo vivo, lá fora;
faz o retrato fiel
da vida que vibra, embora,
ele mesmo prisioneiro
de sua mente abstrata,
não possa estar por inteiro,
nas cenas que bem retrata."
Sem saber se sou ou não
um poeta de verdade;
lá fora cresce a canção:
-vou viver, que já é tarde...
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