Minha homenagem aos Professores

Esta poesia eu decorei e declamei quando tinha apenas dez anos,no dia do professor,declamei prá escola inteira...

Nunca mais me esquecí...

O Velho Mestre - R.Barreto

Andava mui doente o velho professor.

Por isso ele não tinha agora o mesmo ardor

Que outrora possuía, e que o animava dantes.

Às vezes, quando em aula havia mesmo instantes

Em que inclinara a fronte, aquela fronte austera,

Onde já desbotara a flor da primavera

E cochilava um pouco, involuntariamente.

O velho professor andava mui doente.

Era, porém, tamanho bem que nos queria

Que jamais quis pedir aposentadoria

E manter-se do Estado à custa desta esmola.

Era sempre o primeiro a chegar à escola

Com suas joviais maneiras tão simpáticas

Não obstante sentir umas dores reumáticas

Que o faziam sofrer muito ultimamente,

O velho professor andava mui doente.

Um dia ele chegou mais tarde alguns momentos

Trazia nas feições sinais de sofrimento,

A palidez do rosto, os olhos encovados

Denunciavam seus pesares ignorados

E, como para tornar aquela dor mais manifesta,

Cravara-se funda uma ruga na testa

E franzia-lhe o rosto uma expressão de horror.

Andava mui doente o velho professor.

A aula começou, mas pouco depois das onze

O velho mestre, o bom trabalhador de bronze

Que já perto de trinta anos ou mais havia

Que o gigantesco herói lutava dia-a-dia

Para o bem da Pátria e para o bem da infância,

Dando batalha ao vício e combate à ignorância,

Sentindo de súbito de uma dor os agudos abrolhos,

Curvou as nobres cãs, cerrou de leve os olhos.

Fora fulgia o sol. A manhã era calma,

Risonha, a natureza abria sua alma

Repleta de alegria e cheia de esplendores.

Pela janela entrava o hálito das flores,

Em toda atmosfera azul, lavada, fina

Ressoava baixinho como em surdina

Um canto celestial, harmonioso e suave,

Anjos cantando em harpa alguma canção de ave.

Nisto ergueu-se um aluno, um pândego, um peralta,

Fabricou de um jornal um chapéu de copa alta

E bem devagarinho… Oh! Que idéia travessa,

Chegou-se ao mestre e… zás! Enfiou-lhe na cabeça

E rápido se foi de novo ao seu lugar.

O mestre nem abriu o sonolento olhar.

E aquele aspecto vil de truão de improviso

Rebentou pela classe estardalhante riso.

De súbito, surgiu o diretor na sala.

Desnudou-se-lhe o gesto, estremeceu-lhe a fala

Quando ele, transformando a mansidão de boi

Em fúria de leão, nos perguntou: quem foi,

Quem foi este vilão que fez tal brejeirice

Sem respeito às cãs desta velhice?

Vamos lá, sede leais, verdadeiros e francos

Dizei, quem ofendeu esses cabelos brancos?

Mas ninguém denunciou da brincadeira o autor

E como um “claw” dormia à mesa, o velho professor

O diretor então chegou á mesa

Via-se-lhe no rosto o incômodo, a surpresa

De que o sono do mestre assim se prolongasse.

Curvou-se e, meigamente, levantou-lhe a face

Mas recuou tremendo, horrorizado, absorto

Aniquilado e mudo…o mestre estava morto.

(Fonte - agenda escolar -N.Rogero)

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Quisera que hoje os professores fossem tratados com mais dignidade pelos alunos e que na sala de aula existisse respeito,que não ouvíssemos falar em agressões aos mestres educadores.

Quisera que se houvesse um pândego,fosse apenas um e que a razão fosse dada a quem merece...

Quisera mais respeito

Quisera mais valor

Quisera que em cada ser humano que ocupa um banco escolar,houvesse um coração cheio de amor!

Unika Estrela
Enviado por Unika Estrela em 15/10/2008
Código do texto: T1229124