A FORÇA DA MULHER
Cada vez que leio um texto próprio de uma mulher dando ao mundo o seu grito de dignidade, uma luz aparece, um clarão na escuridão das desigualdades perversas que atravessam séculos. Sinto meu coração de poeta bater e pulsar forte. Porque percebo que ainda há chances para a nossa espécie humana.
O nosso planeta foi concebido para o par do gênero, seja macho, ou seja, fêmea com lugares decentes para os dois. Não há por que haver distinção ou privilégios que distorçam a própria natureza, no entanto havemos de reconhecer que as mulheres vêm sendo prejudicadas na balança onde há dois pesos e duas medidas.
O chamado ‘sexo frágil’ vem ficando com as maiores responsabilidades, deveres sempre crescentes e os direitos e recompensas sócio-econômicas não acompanham para a grande maioria. E não é por falta de luta ou de esforço que a massa feminina tem ido à busca de uma sociedade mais justa e igualitária.
O que se vê por aí ainda é a existência de retrocessos, de salários desiguais para mesmas tarefas e atividades dos homens, são vícios culturais que persistem até na própria religião que deveria ser exemplo da inexistência do preconceito porque as diferenças no lugar de religar ao próprio Deus, muito pelo contrário, o distanciam Dele.
E o que falar das restrições que são impostas às mulheres, tanto de vestimentas como com castrações até físicas do clitóris em algumas sociedades para impedir que a mulher sinta orgasmo, prazer pelo sexo? E o acúmulo de suas jornadas de trabalho que é somada às atividades domésticas? Da educação dos filhos e da manutenção da própria casa quando são as próprias chefas com a ausência de um companheiro.
Relembro aqui que as mulheres só ganharam direito ao trabalho graças à guerra quando as indústrias ficaram sem mão de obra para operar o que acarretou a revolução industrial. E os assassinatos dessas mulheres que foram queimadas de onde surgiu o Dia Internacional da Mulher a 08 de março., marcando para sempre uma homenagem que deveria ser de todos os dias pela sua condição feminina. Corrigindo as injustiças e atrocidades cometidas ao longo desses séculos todos.
Eu torço para que as mulheres não percam o pique e a cada dia mais consigam vencer os obstáculos se aliando a elas próprias, aos homens, amigos, companheiros, sempre olhando para frente para chegar à vitória sem perder a ternura e não deixando que as dificuldades as impeçam de continuar maravilhosas:
Policiais; Pilotos de aviação; Astronautas; Garis, Enfermeiras, Professoras, Controladoras de Usinas Nucleares; Médicas; Engenheiras; Modelos; Atrizes; Filósofas, “Dançarinas que enfeitam as noites, as cantadeiras que embalam os filhos, as artistas que criam as rendas e os bordados, tecendo fios de afeição e amizade”. Enfim numa gama enorme dita nobre ou também as não consideradas tão nobres das profissões mas que são necessárias.
Eu vislumbro com meu incorrigível otimismo um pedestal até de mais destaque para as mulheres, para o horizonte feminino, que para os homens pelo seu apurado capricho e organização, sem falar no seu espírito intuitivo e criativo-inovador que a cada dia mais se requer nesse mundo atual e competitivo.
Pessoalmente tenho algumas mulheres em minha vida, com as quais apreendo muito e sou grato todos os dias a Deus por poder compartilhar com elas o melhor dos meus dias. Não sei o que seria de mim sem a presença delas. Vou citar apenas 4 (quatro) delas para simbolizar a todas. Minhas duas filhas: Gabriela e Elisa. Minhas duas parceiras poéticas: Enise e Salomé.
São com estas mulheres emblemáticas, antenadas, plugadas que antevejo um mundo melhor sem o domínio das ideologias ultrapassadas dos velhos e carcomidos discursos bolorentos onde o ‘mofo deu’ pela velhice e repetição cansativa das maldades.
Assim vislumbro dias melhores para esta e as novas gerações com mulheres lutadoras, amigas, poetisas, amantes, esposas, enfim aquelas que não temem ser felizes e soltar o seu brado heróico sejam em verso, seja em prosa, seja de que forma for calçadas ou descalças, mas sempre lindas charmosas com o riso estampado de paz, alegria, amor e harmonia.
Hildebrando Menezes
Nota: Em resposta a ‘Ser Mulher... ’ da Salomé publicada no Recanto da Letras: http://www.recantodasletras.com.br/poesias/935598
Também na reflexão inspirada de um e-mail recebido da companheira Aparecida Torneros ‘Mulheres, não percam o fôlego!’