1968(o ano que não acabou)

1968(o ano que não acabou)

Em 1968 eu já ouvia Beatles na barriga da minha mãe.

Ouvia gritos por liberdade e sentia a tortura na saudade

da música que minha mãe colocava na vitrola,

com esperanças de ver seu amor de volta do exílio.

Eu sou do signo de Peixes, ascendente Escorpião,

minha lua é em Aquário, sou a poesia do mundo.

Nasci em 5 de março, na era de Peixes, e as chuvas

de Verão me disseram, “o mundo é louco.”

Eu tenho que defender o mundo, ele só é louco porque

existem pessoas responsaveis por ele,

os animais são perfeitos, seguem as leis da Natureza.

Em 1968 era proibido proibir, mas eu prefiro a frase

“faça amor não faça a guerra.” Nenhuma revolução

durou o tempo de amadurecer, é duro a gente aprender

que a única revolução é mudar a nós mesmos,

lutar contra a imagem refletida no espelho.

Não quero ser o cárcere de mim mesmo,

ficar preso a preconceitos, a laços estreitos,

faço decretos para mim mesmo, afirmando que sou

perfeito, na linha tênue entre o medo e o desejo.

As pessoas reclamam da rotina, mas as vezes o destino

dá um empurrão para mudar tudo que está impedindo

a nossa evolução. Qual o caminho a seguir?

Entre o medo e o desejo você prefere viver a vida, ou se esconder na rotina que trás a segurança ilusória dos dias.

Eu não tenho culpas, já que falei sempre o que sinto.

Tenho o destino em minhas mãos, mas deixo para Deus o

enredo das linhas que escrevo. Mas ainda tenho

a esperança, em tudo que é singelo e encanta,

pois sinto o mundo como a criança,

que dentro do útero é embrião sem memória,

mas na escola da vida coleciona histórias,

e se torna um catalisador do amor.

No fundo eu só quero tocar...

...na minha existência. Ricardo, 01/10/08.