ÚLTIMOS SUSPIROS - MÃE
ÚLTIMOS SUSPIROS
(MINHA MÃE)
(Sócrates Di Lima)
A tarde se entrega nos braços da noite,
A brisa invade o silêncio feito um acoite.,
Toma conta de um quarto de hospital,
Trazendo a penumbra sinistra de um suspiro letal.
Mãe, teus olhos já não tem mais o brilho de outrora,
Aos poucos teus lábios recolhem á irreconhecível mudez.,
E eu sinto que chegou a triste hora,
Da partida sem trégua, chegou tua vez.
Mãe, tuas mãos frias, e impacientes,
Movimentam em impulsos distantes.,
Teus lábios em tom pálidos, visíveis,
Balbuciam sons incompreensíveis.
Mãe, não ouço teus adeus,
Sei que está partindo, é chegada a hora.,
Com certeza, estarás ao lado de Deus,
Pois ele te chama, tua vais embora.
Mãe, sinto na alma um alívio pairar no ar,
É o sofrimento que deixa de te punir.,
Não sei o por que, pois, sempre foi mãe exemplar,
Batalhadora, honesta fiel na lida que te fez seguir,
Neste mundo de sombras que teve que tolerar.
Mãe, num triste adeus partiste e deixarás saudade
Deixaste também minha alma triste, agonizante.,
Mas, sei que nos braços de Deus terás a eternidade.,
Como prêmio pela mãe que fostes enquanto sobrevivente.
Mãe, a saudade será na minha vida eterna companheira,
Como fostes para mim a vida inteira.,
Marcará o tempo do tempo feito conta-giros,
A partir do momento sem volta, em que senti teus últimos suspiros.
E quando á terra fofa descestes ás tuas origens,
Não contive as lágrimas, solucei copiosamente.,
E no consolo de abraços amigos contives as vertigens,
E nos braços da sorte, tenho que seguir em frente.
(Diomália Maria de Araújo Lima, *21/06/1918 a +21/08/2008).