A POÉTICA DE ELEUSA
Ler é penetrar a alma e o mundo do escritor conhecendo-lhe o imaginário, que nasce no vão da memória e chega ao papel. Ler é sentir, ver, viver ou reviver, conforme se revela – nas entrelinhas -, quem escreve. Próximo ou distante, aparente ou verdadeiro, enigmático ou inevitavelmente claro à luz do próprio ser, ambos, autor e leitor, estabelecem uma sintonia verbal silenciosa...
Assim, quando leio algo, leio alguém. Se do autor desconheço figura e arte, caio também na imaginação a que me leva a palavra escrita, com seu mágico poder transcendente.
A "ARTE DE VIVER" me confirma a primeira premissa. Li-a de uma assentada, com o cuidado e as sensações de que se vale o leitor atento a inédita obra do autor conhecido. E aqui, preliminarmente a qualquer alusão ao mérito da obra e sua criadora, devo e quero agradecer-lhe pelo afetivo gesto com o qual me honrou. Isto é uma centelha que reluz de um tempo que se turvou na distância, mas não se apagou de vez.
A síntese da "ARTE DE VIVER" está em amar, compreender, servir e perdoar; infinitivos que perenizam o desiderato de todos nós: a fraternidade. E essa aspiração que permeia a poética de Eleusa, flui naturalmente daquela mulher humana, mística, sensível ao mundo e aos embates do tempo. De modo que não me surpreende o fato dessas qualidades inerentes e acalentadas em seu ser eclodirem na forma mais explicitamente cativante: a poesia.
Uma mulher poetizada perfila e se une a tantas outras de igual valor na arte da palavra que a conduz à imortalidade. E nessa adesão consciente, natural e apaixonante pela literatura como forma de expressão, a vida, que é o bem maior juridicamente, torna-se também "arte de viver", visto que nela de diferentes formas nos movemos e existimos.
Sua poética tem a singeleza de Cora Coralina, mas igualmente fértil como aquela sua carismática conterrânea. Há gotas de lirismo ceciliano esparsas em versos como:
"Uma alegria inconfundível toma conta do meu ser,
Sinto-me inebriada pela paz.
O perdão, o sorriso, a amizade, a solidão,
O amor, estão todos se abraçando"
Que lindo!...
Vejo a introspecção diluída de Clarice Lispector, cuja alma se assemelha à sua:
"O badalar do relógio me faz ver
no alto, uma tímida estrela adorno
que me toca, me sacode ,
que grita dentro de mim:
É hora de recomeçar!"
E novamente um lance ceciliano:
"As flores desabrocham com ar de festa,
Os bem-te-vis, os rouxinois, os sabiás, as cotovias,
Entoam cantos anunciando a chegada do Rei".
A literarura brasileira ganha o seu talento. A Academia Taguatinguense de Letras reconhece a sua obra. Eu me deleito com a leitura dos seus versos.
Um abraço,
Hermílio
Ler é penetrar a alma e o mundo do escritor conhecendo-lhe o imaginário, que nasce no vão da memória e chega ao papel. Ler é sentir, ver, viver ou reviver, conforme se revela – nas entrelinhas -, quem escreve. Próximo ou distante, aparente ou verdadeiro, enigmático ou inevitavelmente claro à luz do próprio ser, ambos, autor e leitor, estabelecem uma sintonia verbal silenciosa...
Assim, quando leio algo, leio alguém. Se do autor desconheço figura e arte, caio também na imaginação a que me leva a palavra escrita, com seu mágico poder transcendente.
A "ARTE DE VIVER" me confirma a primeira premissa. Li-a de uma assentada, com o cuidado e as sensações de que se vale o leitor atento a inédita obra do autor conhecido. E aqui, preliminarmente a qualquer alusão ao mérito da obra e sua criadora, devo e quero agradecer-lhe pelo afetivo gesto com o qual me honrou. Isto é uma centelha que reluz de um tempo que se turvou na distância, mas não se apagou de vez.
A síntese da "ARTE DE VIVER" está em amar, compreender, servir e perdoar; infinitivos que perenizam o desiderato de todos nós: a fraternidade. E essa aspiração que permeia a poética de Eleusa, flui naturalmente daquela mulher humana, mística, sensível ao mundo e aos embates do tempo. De modo que não me surpreende o fato dessas qualidades inerentes e acalentadas em seu ser eclodirem na forma mais explicitamente cativante: a poesia.
Uma mulher poetizada perfila e se une a tantas outras de igual valor na arte da palavra que a conduz à imortalidade. E nessa adesão consciente, natural e apaixonante pela literatura como forma de expressão, a vida, que é o bem maior juridicamente, torna-se também "arte de viver", visto que nela de diferentes formas nos movemos e existimos.
Sua poética tem a singeleza de Cora Coralina, mas igualmente fértil como aquela sua carismática conterrânea. Há gotas de lirismo ceciliano esparsas em versos como:
"Uma alegria inconfundível toma conta do meu ser,
Sinto-me inebriada pela paz.
O perdão, o sorriso, a amizade, a solidão,
O amor, estão todos se abraçando"
Que lindo!...
Vejo a introspecção diluída de Clarice Lispector, cuja alma se assemelha à sua:
"O badalar do relógio me faz ver
no alto, uma tímida estrela adorno
que me toca, me sacode ,
que grita dentro de mim:
É hora de recomeçar!"
E novamente um lance ceciliano:
"As flores desabrocham com ar de festa,
Os bem-te-vis, os rouxinois, os sabiás, as cotovias,
Entoam cantos anunciando a chegada do Rei".
A literarura brasileira ganha o seu talento. A Academia Taguatinguense de Letras reconhece a sua obra. Eu me deleito com a leitura dos seus versos.
Um abraço,
Hermílio