Esguarepado

Calma, amigo. Não recorra a dicionários porque não vai adiantar. Tal palavra é de autoria de um amigo, aqui do interior, cuja vasta fama é de ser anjinho barroco, ou seja... Acho que não precisa explicar, precisa? Não, não precisa. Todo mundo sabe que é porque o anjinho barroco é quase sem-pinto.

Parou para uma prosinha e perguntei pela esposa, também amiga. Respondeu-me, gaiato e fagueira, que estava no ginecologista; pois, estava toda esguarepada. Não resisti, gargalhei e não sustentei a curiosidade: o que é isso? Disse que é o mesmo que rasgado, estourado, esbagaçado...

Fiz um gesto indicativo de “anjinho barroco” e não fui generoso – aproximei o indicador do polegar apenas o suficiente para caracterizar a intenção – e perguntei “como foi que você conseguiu?”. Riu meio desajeitado e foi-se

Ah, acho que perdi o fio da meada...

Mas o que eu queria dizer é que sou um enganador. Mas, ainda não quero dizer por que o sou. Inteligente e competente é o Éder, um dos meus principais referentes; e tantos outros que me comentam os textos num português invejável, raciocínios equilibrados e elegantíssimos.

Eu não tenho tal porte e sinto-me tão agreste como o lugar onde nasci. Nem tento mudar muito porque, creio, mais intragável do que a palavra que corta feito navalha, é o medo de se ser o que é.

Falei tanto e ainda não disse o que quero dizer. Estou sempre perdendo o foco e improvisando outras saídas...

Quero dizer o seguinte: vossos comentários, caros leitores, deixam-me esguarepado!

Obrigado.