JIRAU DIVERSO Nº 29

JIRAU DIVERSO

Nº 29– julho..2008

por Enzo Carlo Barrocco

A POESIA GAÚCHA DE LILA RIPOLL

O POEMA

POEMA DE AMOR

Eu te amo com uma intensidade

que me assusta e me perturba.

Tu vives em todos os meus sentidos

e na forma dos meus pensamentos.

Minha boca é mais verdadeira e mais profunda,

porque meus lábios tocaram os teus olhos.

Sou como uma fonte clara e simples

que reflete, no fundo, a mesma imagem.

Para mim podem morrer todas as paisagens

que ainda existem,

porque me basta a paisagem que me deres.

Eu vivo porque tu existes em todos os meus sentidos

e na forma dos meus pensamentos.

A POETA

Lila Ripoll, poeta e militante política gaúcha (Quaraí 1905 – Porto Alegre 1967) começou sua lida poética em 1938 com a publicação do livro “De Mãos Postas”. Durante sua vida, como membro da Frente Intelectual do Partido Comunista, dedicou-se a todas as causas relacionadas aos direitos e à promoção do operariado. Em 1964, nos primeiros dias do golpe militar, foi presa, mas libertada, em seguida, divido ao estado avançado do câncer em que se encontrava. Lembremos Lilá Ripoll, poeta incansável do Rio Grande.

ESTANTE DE ACRÍLICO

Livros Sugestionáveis

Kararaô e Outros Poemas (poesias)

Autor: Antônio Juraci Siqueira

Edição do Autor

Mais um livro de Juraci alertando para os perigos da devastação da Amazônia. Dedicatória no livro que ele me enviou. “Este grito de guerra em defesa do meu povo e de meu chão”. Em frente, caro poeta!

Eugênia Grandet (Romance)

Autor: Honoré de Balzac

Edição: Abril Cultural

A França da metade do século XIX descrita aqui pela extraordinária capacidade intelectual de Balzac. A solidão é o tema central desta história que muitos críticos consideram sua obra-prima.

Quando a Cidade Dorme (Contos)

Autora: Consuelo Gomes Rodrigues

Edição: Falângola Editora

As paisagens interioranas, as vilas ribeirinhas e lugrares extraordinários descritos com a singular simplicidade de Consuelo. Historietas fantásticas como a própria autora define.

***

A FRASE DI/VERSA

Faça com que todos os minutos

sejam efetivamente únicos

e pare de desperdiçá-los

como que se desculpa antes de errar.

- Agostina Akemi Sasaoka (Campinas 1977) poeta, cineasta e artista plástica paulista

DA LAVRA MINHA

AS BOAS NOVAS

Enzo Carlo Barrocco

O azul que desce desta tarde densa

aboleta-se sobre as casas e sobre as ruas,

o papel, a tinta e a solidão imensa

trazem algumas das notícias tuas.

Chegam lacradas essas boas novas

e estou sem tempo de verificá-las,

mas as lembranças que em mim renovas

me dão vontade de arrumar as malas

e partir no meio desta tarde

ao encontro dos teus seios túmidos.

Arde o peito, minha cara, arde

e no meu rosto uma aragem leve

vem lembrar-me de algum evento

que tivemos num momento breve.

Enzo Carlo Barrocco
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 14/08/2008
Reeditado em 14/08/2008
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