Olhando você...

Ali, naquela cadeira ele descansa, olhos parados no tempo, mente procurando o passado. Mãos... Que te tanto trabalho, parecem agora adormecidas, apoiadas sobre os joelhos de pernas que outrora haviam sido os motivos de todas as suas lutas e conquistas. Observando-o de longe não se consegue decifrar o que sua face demonstra, mas ali esta presente toda uma vida de luta, da qual como filhos, tomamos parte, pois foi por nossa causa que ele se tornou assim, mas pelo sorriso que às vezes escapa dos teus lábios, podemos sentir que ele faria tudo de novo, e isto nos deixa uma certeza, não importa por onde andamos e nem que tipo de vida viemos a escolher, pois no final acabamos sempre procurando-o, e mesmo sem conversar ele nos passa as verdades da vida, e as perguntas que antes eram sem respostas se denunciam ao olharmos para ele, e tudo então volta a fazer sentido, porque nada nasce do nada, porque senão a vida não vai, e hoje, com muito orgulho, vejo naquela cadeira a minha própria vida, refletida na figura do meu pai.