Pai

Lembro-me das tuas inverossímeis histórias

Do gol de placa, à Pelé...

Das tuas travessuras de criança

E da tua vida dura, na infância...

Teus pés no chão, na roça

A perda traumática da mãe. Tão menino!

O trabalho precoce, tão duro...Teu hino

A perda do velho pai, você já maduro

Tuas tristes lágrimas ali, na cozinha

O pranto tímido, inconsolado, e eu o observando

Vendo a vida crua seguindo doloroso curso

E você, pai, em desamparo e frágil, calado

Hoje, pai, mais uma vez é seu dia

E eu, também pai, em pura nostalgia

Lembro-me de ti, dos teus cabelos brancos...

Das tuas imperfeições, sem maniqueísmo; de nós

Sufocado pelas recordações, penso em ti

Queria presenteá-lo com o melhor do mundo

Mas, egoísta e com lágrimas nos olhos, penso em mim

No quanto desejo que seus netos, um dia, sintam assim

Te amo!!!