Santo Néry

A nossa vida terrena é um retrato das marcas que registramos durante a nossa passagem entre os homens. Marcas escritas, pintadas, esculpidas, tantas outras... Marcas que revelam a nossa ação em prol de nossos semelhantes, no exercício do mandamento divino para amarmos ao próximo como a nós mesmos. Marcas que, ao serem recordadas, mantém viva a memória daquele que não devemos esquecer. Afinal, lembrar é reviver.

É com essa mente e com esse coração que estamos aqui com a missão não apenas de lembrar, mas principalmente de homenagear Florêncio Néry Nogueira – o avô, o pai, o companheiro, o devoto e acima de tudo, o amigo SANTO NERY, como sempre foi conhecido.

Nascido em 15 de dezembro de 1918, na cidade de Macaúbas, órfão de pai, o jovem baiano, assumindo o comando da família arrojou-se para este Mato Grosso afamado, juntamente com sua mãe e seis irmãos. Como era o costume naqueles tempos, eles vieram a pé, passo a passo, em busca de uma nova sorte e de um destino melhor.

Trabalhou duro para sustentar a família. Nunca esmoreceu com a carga. Começou na lavoura, na região do Córrego Rico, em companhia do amigo Cícero, onde fez economias para montar um bar, o seu primeiro negócio em Poxoréu.

Casou-se com Dona Marcelina, notável e dedicada esposa, a qual lutou ao seu lado, ajudando-o nas atividades comerciais. Foi assim que, vendendo salgados e bebidas, conseguiram formar o patrimônio necessário para deixar o bar e prosseguir no ramo comercial com a Loja de Tecidos, negócio ao qual se dedicou durante todo o restante de sua vida.

Santo Nery era um homem de talento para o negócio. Atencioso com todos e em especial com os seus clientes e amigos, aos quais nunca deixou de distribuir os brindes de Natal. Era um homem deveras religioso. Como devoto do padroeiro da cidade – São João Batista – gostava de participar das quermesses e festas juninas. Possuía cadeira cativa na Igreja. Seu lugar era sempre guardado e respeitado por todos.

Foi um homem de grandes virtudes. Destacado pela paciência e pelo amor fraternal. Foi um pai dedicado que viveu para a família. Teve Sandra, sua única filha, a qual amou plena e carinhosamente. Nunca deixou de lhe presentear e de lhe fazer “a festa”. O que não gostava era de extravagâncias, exageros e futilidades. Tendo vivido momentos de grandes dificuldades para sobreviver, sabia dar o devido valor às coisas que adquirira. Já na velhice, dedicou-se aos netos. E enquanto podia, tinha grande prazer em levar a netinha à igreja nos seus braços.

Também participou da atividade política, onde se elegeu vereador com o apoio significativo dos amigos que cativou nessa cidade, os quais certamente irão se lembrar dele e da forma como contribuiu para o crescimento e o desenvolvimento de Poxoréu.

Vê-se que foi realmente um cidadão pleno, atuando na agricultura, no comércio, na política e na vida social, sempre escudado na sua fé, a qual nunca lhe faltou, encorajando-o e animando-a para avançar, acreditando que “se Deus é por nós, quem será contra nós?”. Assim foi até o dia 15 de junho de 2007, quando ele nos deixou para ir conduzir os negócios do Pai Celestial. Que ele seja sempre lembrado pela forma simples e sóbria em que viveu e que sirva de exemplo de vida para as futuras gerações.