SILÊNCIO


Há calma. E se nenhuma ave canta
e morre na garganta o canto meu,
as folhas não se mexem por espanto:
perdeu-se a voz do amor. Que então se grave,

nas bolhas que esse vácuo emudeceu,
a ausência e a condição não desejada
e nada, nada mesmo, eu sei que nada,
da atroz separação trará consolo.

Se o dolo de uma espera sem resposta,
não pode a mim trazer mais nenhum mal,
quisera o bom silêncio da quimera...

Sacode a minha alma em sobressalto
aquela voz, que incauto inda procuro,
no silêncio, tão escuro, de minh’alma.


nilzaazzi.blogspot.com.br