o saco de feijão
dedicado a D.Eliza
Por que saudade,logo, neste momento de alegria você me aparece como
incômodo visitante e me convida à rever a casinha da Rupa Tilda,hoje
submersa nas fundações de respeitável edificação burguesa.
Pelos idos dos anos cinquenta era uma simples vila operária. Com o tirânico apitar das 6:45h,a fábrica engolia,de uma só vez,qual figura mitológica,centenas de apressados e temerosos trabalhadores,que,ainda
mastigavam o pedaço de pão seco...
Ficava eu,então,pequenino ,na casa da Dona Eliza.
Interessante,saudade,que sua fisionomia lembra aquela boa e tranquila senhora.Cabelos grisalhos,braços gordos,um semblante que mostrava,pela transparência das rugas,a serenidade dos simples e dos sábios...
"-Agora,vamos comprar carvão,dizia ela.Lá íamos os dois ao carvoeiro.
Impressionava-me a negritude do portuga no meio daquele" rescaldo d'incêndio"... A parada na igreja de Santo Afonso era obrigatória,onde permanecia em silêncio profundo...
E a cata de feijão?Que momento celestial!...
Seus dedos com uma lentidão dinâmica,se assim posso dizer,separavam os grãos furados,enquanto eu brincava com os pequenos autores daquele estrago...o "bicho de feijão".Que insetos interessantes com seus terninhos pretos de bolinhas brancas.!Imaginá-
va-os minúsculos elefantes.Naquele instante,D.Eliza atendia pela décima vez e contava a estória de NSenhora à lavar as roupas do menino Jesus...
O que me importava naquele momento,não era apenas a conhecida narrativa,mas,a atmosfera que se desenhava.Minha protetora,como ninguém,sabia narrar um conto. Findos aqueles minutos de enlevo,
contemplava eu o deslizar pesado,vigoroso,mas,elegante do ferro à carvão à vencer, vencer as resistentes dobras da calça rôta do Seu Osvaldo.
Mirava, curioso a incandescência daqueles pequenos fragmentos ene-
grecidos,através da pequena abertura do ferro de engomar.
Maravilhoso espetáculo era a fornalha do fogão,que a portinhola me permitia ver.Seria ,assim ,o inferno que a professôra de catecismo se referia?
Finalmente,o apito das 17h ecoava e com êle,a libertação dos famintos,cansados reféns operários...
Ao chegar Seu Osvaldo ligava o rádio na "Hora da Ave Maria",sentava-se á mesa e deitava farinha sôbre aquele cheiroso feijão.Cerrava,respeitosamente,os olhos e quiçá,percorria regiões longínquas onde,brevemente,iria habitar...
Sabia eu que chegava mais um dia com a Dona Eliza.
dedicado a D.Eliza
Por que saudade,logo, neste momento de alegria você me aparece como
incômodo visitante e me convida à rever a casinha da Rupa Tilda,hoje
submersa nas fundações de respeitável edificação burguesa.
Pelos idos dos anos cinquenta era uma simples vila operária. Com o tirânico apitar das 6:45h,a fábrica engolia,de uma só vez,qual figura mitológica,centenas de apressados e temerosos trabalhadores,que,ainda
mastigavam o pedaço de pão seco...
Ficava eu,então,pequenino ,na casa da Dona Eliza.
Interessante,saudade,que sua fisionomia lembra aquela boa e tranquila senhora.Cabelos grisalhos,braços gordos,um semblante que mostrava,pela transparência das rugas,a serenidade dos simples e dos sábios...
"-Agora,vamos comprar carvão,dizia ela.Lá íamos os dois ao carvoeiro.
Impressionava-me a negritude do portuga no meio daquele" rescaldo d'incêndio"... A parada na igreja de Santo Afonso era obrigatória,onde permanecia em silêncio profundo...
E a cata de feijão?Que momento celestial!...
Seus dedos com uma lentidão dinâmica,se assim posso dizer,separavam os grãos furados,enquanto eu brincava com os pequenos autores daquele estrago...o "bicho de feijão".Que insetos interessantes com seus terninhos pretos de bolinhas brancas.!Imaginá-
va-os minúsculos elefantes.Naquele instante,D.Eliza atendia pela décima vez e contava a estória de NSenhora à lavar as roupas do menino Jesus...
O que me importava naquele momento,não era apenas a conhecida narrativa,mas,a atmosfera que se desenhava.Minha protetora,como ninguém,sabia narrar um conto. Findos aqueles minutos de enlevo,
contemplava eu o deslizar pesado,vigoroso,mas,elegante do ferro à carvão à vencer, vencer as resistentes dobras da calça rôta do Seu Osvaldo.
Mirava, curioso a incandescência daqueles pequenos fragmentos ene-
grecidos,através da pequena abertura do ferro de engomar.
Maravilhoso espetáculo era a fornalha do fogão,que a portinhola me permitia ver.Seria ,assim ,o inferno que a professôra de catecismo se referia?
Finalmente,o apito das 17h ecoava e com êle,a libertação dos famintos,cansados reféns operários...
Ao chegar Seu Osvaldo ligava o rádio na "Hora da Ave Maria",sentava-se á mesa e deitava farinha sôbre aquele cheiroso feijão.Cerrava,respeitosamente,os olhos e quiçá,percorria regiões longínquas onde,brevemente,iria habitar...
Sabia eu que chegava mais um dia com a Dona Eliza.