Minha hibridez

Parece um filme noir, rodado quando se está de ressaca de tudo. Léo e Léia, definitivamente deitados em uma cama ao longo dos vinte anos, as deformações e ansiedades, cumplicidades e rabugices, ele sem ela , ela sem ele, quem sobrevive após a súbita morte sem tempo pra despedidas? O inferno é ocre?

Ainda hoje li um poema "à muitas mãos" sobre paisagens áridas e intenções duvidosas em que alguém mencionou sobre esta cor nas pastagens do érebo. Talvez o cenário pudesse ser terroso, uma casa afastada em uma cidade perdida no México , os ladrilhos do banheiro brancos contrastando com a respiração ocre da quase morta.

As lágrimas teimosas, o desespero, variações de culpa, gradações de pena, e tudo termina quando ele liga a televisão e , olhando através dela, initerruptamente aperta os botões do controle remoto .

Que viagem estratosférica! Só pra dizer o habitual.

Aqui é tudo da Lúcia.