O protocolo pedia que a equipe vencedora subisse à Tribuna de Honra para respeitosamente cumprimentar o Rei, mas o que aconteceu foi inusitado: não havia como conter as lágrimas de felicidade e os gritos de alegria. Ninguém queria saber de mais nada que não fosse celebrar a conquista adiada de 8 anos antes e o Rei veio até nós.
O menino Edson, 17 anos incompletos, não sabia se chorava ou explodia. Um rei coroado naquele momento pela eleição mais livre da história : os próprios adversários e todo o resto do mundo.
O seu Mané, confuso como um passarinho que era(garrincha) e surpreso por já ter terminado um campeonato que não tinha nem 2o. Turno. Bellini, o grande capitão altivo como um galã de cinema, só perdendo em porte e assédio feminino para o meu irmão Laerte, levantou a taça acima da cabeça com as duas mãos e eternizou o gesto que seria depois copiado por todos os os outros capitães.
Rassunda, Solna, Estocolmo e aquelas imagens que eu não me cansava de folhear na "Gazeta Esportiva Ilustrada" que espero que o Laercio tenha até hoje.
Foi lá naquela então longínqüa e desconhecida Suécia hoje tão familiar que o Brasil encontrou o seu amor-próprio e não apenas no futebol: 29 de Junho de 1958: um garoto de 5 anos teve a sorte de entrar na vida conhecendo a vitória e sabendo desde o princípio que este nosso aquí é um país vencedor.
Nos jogos da vida que ainda não venceu é só porque o jogo ainda não terminou.