Bodas de Ouro
Homenagem aos meus avós
Bodas de Ouro
Aqui, neste momento, encontra-se um retrato de um sonho, outrora concebido por dois jovens que, unidos pelos mesmos sentimentos, fundaram em bases sólidas seu reino encantado e ao mesmo tempo real, e com maestria de todos os que conhecem os bons valores familiares, vem, a 50 anos escrevendo sua história e ilustrando tantas outras, com a mesma firmeza e confiança mútua, do inicio do seu caminhar. Nestas linhas estão retratadas um pouco de suor, alegrias e também das lágrimas deste casal.
Sr. Raulino e D. Lídia conheceram-se, amaram-se e, certos de que juntos se completavam, casaram-se no dia 20 de setembro de 1952, nesta mesma igreja de São José , cujo dia caia uma impiedosa chuva sobre a cidade. Trovões e raios pareciam premeditar que a caminhada que ali se iniciava não seria só de rosas....e quantos espinhos apareciam em seu jardim de sonhos ! ! !
E pouco a pouco os filhos iam chegando: Ana, Fatinha, Teno, Tuca, Raulino, Socorro, Ney, Niçola e Anete...que bela prole ! ! !
E a vida se tornava, a cada dia, mais festiva e , em cada rosto daqueles filhos tão amados viam o quanto valera a pena aquela união. E, nesta mesma igreja de São José, foram realizados, com muita alegria, nove batizados, nove primeiras comunhões e seis desses filhos, aqui também , como eles, trocaram juras de amor, casando-se.
Pouco a pouco cada filho construía sua história. Cada filho um destino e, todos edificando suas vidas na firmeza da fé, do amor e dos bons exemplos dos pais que, mesmo diante de obstáculos e dificuldades, alegrias e vitórias, jamais se negaram a cumplicidades, companheirismo, compartilhando suas vivencias com parceria e ajuda mútua. Orgulhosos da família, foram sempre zeloso, pacientes, amorosos e, com muito carinho, ensinaram-na a andar por caminhos sólidos, indicando, nas entrelinhas dos seus ensinamentos, onde pisar sem medo, somando as obrigações de pais, a amizade, a confiança e o rigor quando necessário. E para amparar seus filhos, viveram renuncias e muitos sacrifícios, para que todos pudessem estudar, sempre respeitando a vontade de cada um.
Vieram os netos, somando labutas e alegrias, nunca medindo esforços para nos olhar, para que nossos pais pudessem trabalhar, estudar e, por que não dizer, passear também ?
Quantas noites de sono perderam conosco? Com todos os netos , sem exceção. As lembranças que temos de vocês e de sua casa, jamais serão apagadas da nossa memória. Qual neto poderá dizer que não dormiu em seu colo, em sua cama, entre vocês ou num colchão ao lado de sua cama.
Ahhh Vó !!! e os biscoitos e bolos gostosos que sempre tem a nos esperar ! e aquelas frutas escondidas, heim Vô ? que só você sabe tão bem o gosto de cada um e, que em seus guardados sempre os tem para nos agradar...
Oh Vô ! Você já contou quantos ‘’Bois de Reis’’ você já fez em sua vida ?
Primeiro para seus filhos, depois para seus netos. Passávamos o dia inteiro no quintal de sua casa, pregando e repregando até construir o famoso ‘’Boi’’ para brincarmos em sua porta à noite, ao som de talheres e panelas da Vó.
Que lembranças gostosas temos de vocês ! ! ! ... das festas, dos bolos dos nossos aniversários, de primeira comunhão, do carinho que têm conosco, sem distinção e sem preferências. Apagar estas lembranças é apagar a história de nossas vidas, é esquecer a existência de Deus , que testemunha o exemplo de pais, avós e sogros que vocês são. Sempre tiveram presentes nos momentos difíceis de todos os seus filhos ajudando-os a superar as crises, em todos os sentidos. Como são importantes para todos nós ! Apesar das tempestades, da idade um pouco avançada, são o esteio e continuam firmes a liderar-nos com sabedoria.
Queridos tios, tias, irmãos, primos, para este casal, nada é tão precioso do que a união dessa família. Para eles, nós não somos apenas membros isolados, somos sim, elos que se prendem, não de aço, tampouco de ferro, mas de um sentimento tão fraternal tão puro e sublime que supera toda e qualquer intempérie do mundo lá fora. Que nos ajude a jamais deixar-nos a influenciar pelas manobras e engrenagens da vida, coisas supérfluas aos olhos dos nossos patriarcas que, mesmo cansados pelo tempo , não desistirão de ver-nos, todos, unidos, fortalecendo-nos contra as influencias negativas opositoras.
Vó, Vô....queridos, recebam nossos maiores e sinceros carinhos, hoje e sempre !!!
São Francisco, 20 de setembro de 2002