ZELDA versus TERA (Tratado duma Amizade)
A Amizade é uma coisa bonita... mais bonita ainda que flores campestres, que, como ela, crescem livres, soltas, despojadas, pelos terrenos mais improváveis. Como ela, nascem espontâneas, dependendo só do ninho da terra-essência, do amparo de qualquer haste-afinidade, do afago de uma brisa-carinho... e como ela, alindam os campos áridos desse mundo, pintalgando-o de cor, iluminando-o de sentimento, animando-o de esperança!
A verdadeira amizade é flor do campo... pura, dádiva, emoção ao vento... e floresce nos campos mais improváveis...
Isto, como preâmbulo para apresentar a minha amiga
**VENTANIA, no Letras Dispersas--ZELDA, no Recanto das Letras**
...O primeiro poema que lhe li foi #Anjo meu# (também publicado no Recanto)... e fiquei fascinada, a sua poesia chamou-me. Levou-me ao Letras Dispersas, onde partilhei a mesa com grandes poetas que me fizeram amiga e aprendiz de poetisa... É incrível como se constroem laços tão fortes, assim, apenas partilhando emoções... Laços fulminantes e profundos...
Mesmo, mesmo, quando eu entrei para o Recanto, deparei-me com um poema que a Zelda tinha feito para mim... Quer dizer, pronto... titubeio... não sei que dizer... Só posso mostrar para vocês. Está lá, na página dela, escritinho com todas as letras: Para a Tera...
Eu, claro, só podia responder à melhor altura que os meus aspirantes recursos de poeta me permitiram. E foi pouco, para o que ela merece.
Também quero mostrar para vocês. Apesar de também já o ter publicado, no tempo certo, nesta minha, vossa página...
Amizade é para partilhar. Sadiamente, como o balouçar de flores campestres ao vento de manhãs de esperança...
ÓRFÃOS DO MEDO CANÇÃO PARA A VENTANIA
(Zelda) (Tera Sá)
Meu olhar negro nublado Pergunto ao vento que passa
Por chuvas de solidão Se viu novas de mim,
Perdia-se desocupado... E o vento traz-me sussurros:
No horizonte a ilusão
Do teu olhar a meu lado -Sim, sim, sim!
Pousado na minha mão...
Mas os meus ramos inertes,
Teu olhar não conhecia Tolhidos por férreas garras,
Os caminhos do poente. Não ousam brotar o verde
Da chuva a cor penedia Por entre as suas amarras.
Da retina a cor crescente. A Primavera é criança,
Sentido e razão te pedia Tenro sopro de equinócio,
Só mar e areia ardente... E a VENTANIA dança,
Em nuvens, como se fosse
Pensava eu ser assim
Mas engano, minha sorte A esteira de minhas vozes,
Tua chama mar em mim Véus diáfanos de quem
Tua areia foi meu forte. Esvoaça asas d' anjo...
Unidos na praia, enfim,
Seguimos o mesmo norte! -Vem... vem... vem...
Com esse brilho nas mãos Como dar as mãos ao vento?
Retocámos nosso olhar Tecer laços de cetim?
Renegámos nossos nãos E a aragem traz-me sussurros:
Sobrantes e a naufragar
No firmamento já órfãos -Assim... assim... assim...
De medos e de lugar.
E a VENTANIA aconchega-me,
Reveste meus ramos nus,
Abraça a minh' alma em sede
De flor, semente, de luz...
Desfolhando mil corolas
Desvendo sonhos em mim,
E os ecos são madrepérolas
Perfumados de alecrim!
Pergunto à VENTANIA que passa
Se viu trovas de mim.
E ela traz-me sussurros:
-Sim... sim... sim...
ZELDA, és a VENTANIA mais simpática que já conheci!!
Tera