UT PICTURA... A Cármen Nóvoa (8): Só noiva

sobre outra coleção de quadros de Carmen Nóvoa no Café Barroco, Acrunha / Coruña (Spain), 2000.

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SÓ, SOZINHA

Eu sem tu: só, sozinha

(«entre las olas sola»: Lope de Vega)

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Eu sem ondagens: só, sozinha

(«el agua muerta no canta»: Gerardo Diego)

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Eu pele do sol: só, sozinha

(«solo ... sol amigo»: Juan Ramón Jiménez)

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Eu entre todos os sós: só, sozinha

(«dios de mis soledades espańolas»: Juan José Domenchina)

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Eu ou nua ou lua: só, sozinha

(«piso tu sombra de luna»: Manuel Altolaguirre)

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Eu triste: rio ou deserto

(«ahora me fluye ... un río de tristeza gris»: Dámaso Alonso)

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MULHER DA PORTA AZUL

Foi o azul órfão à porta da esperança:

foi primavera de verdores:

foi coração de porta irresoluta,

cor sem cor de sombras e nuvens,

hesitar, duvidar, ir, vir, nem ficar.

Naquela porta a tristeza

abissal de verdores encarcerados

no azul: mouro, escuro, negro:

só na soidade:

só,

azul saudade.

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NOIVA DA LUA (I)

Alvor e (quase) noite,

sem lua, duas luas em rebento,

decepada coloras

o lusco-fusco afligido

dos arvoredos tristonhos,

das aldeias intatas.

Sinos secretos soam: florescem,

luminosos,

como seios vacilantes,

certos na verdade ferida

de te tornar noiva e lua,

alvo gentil

dos homens em esboço.

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