"Anja" de morango

Desponta no sol frio

Um dia, um momento, um rosto

Vermelho, rubro, vivo

Calor do dia, amor d’um outro

Sorrisos escondidos, cores planas

Amizade sentida, pálida

Toque em teclas

Plástico me rouba a felicidade ávida

Felicidade do toque

Do calor rubro da voz

Do sabor da mordida

Sabor do sorriso de mil sóis

Um campo de morangos

Um céu nublado

Uma amiga, uma companheira, irmã do acaso

Pequena, mas de esplêndido achado

Morangos em face, nuvens em boca

Assim se desenha a vida e o céu

Pelo vidro e plástico...

O sabor sob o véu

Véu que me furta a presença

Véu que me protege do mundo

Véu que nos apresenta

Véu que ofereço em tributo

Véu que me agracia com perfumes e frutas d’outros reinos

Véu que me traz heróis e guerreiros

Véu que me traz amigos e conselhos

Véu que me sustenta na irrealidade sadia

Quando tudo que quero é extirpar a vida

Obrigado estranho véu

Pelo calor dos sóis dos sorrisos escondidos

Sob o plástico e vidro

Obrigado estranho véu

Pelo sabor dos morangos na face corada

Através do plástico e vidro

Obrigado acaso

Aos amigos, aos anjos, aos amados

Pelo toque d’almas

Obrigado, Senhor

Pelo véu

Pelo acaso

Pelo sol

Pelos morangos

E acima de tudo,

Pelos anjos

Em linguajar vulgar:

Amigos

Obrigado, minha “anja”, por me ajudar a manter o vôo

Obrigado, Paula