Marcos, o professor de história
Marcos, o professor de história
Solteiro de estatura mediana, ele era bem gordo, pra mais de 150 quilos. Antes de chegar, sua pança chegava antes.
Tinha pele clara, seu rosto era arredondado, o pescoço curto, nariz levemente aquilino, e possuía olhos azuis. Seu olhar era penetrante e sereno.
Tinha 59 anos e já estava completamente calvo. Ele sempre dizia em tom de piada: nasci sem cabelo, vivi sem cabelo e morrerei sem cabelo. Quando chegou a fase adulta chamavam-no de franciscano, pois a calvície adiantada e perene, fazia com que ele parecesse ter sido tonsurado.
Seu andar era lento e cadenciado. Vivia sorrindo. Era um bonachão.
Aposentou-se depois de lecionar história por mais de vinte anos.
O pensamento era sua orientação dominante, isto é, lia o mundo através da razão. Interpretava pelo intelecto as experiências vividas. Procurava com afinco reprimir os sentimentos.
Tinha medo que as emoções lhe virassem a cabeça, por isso era tido como uma pessoa fria e insensível, mas seus amigos íntimos sabiam que isso não era verdade.
Seus pensamentos eram baseados na experiência direta, tornando-o um bom pensador empírico.
De temperamento fleumático, era tranqüilo e eficiente, principalmente nas salas de aula. Generoso, não tinha dificuldade em ouvir as pessoas, por isso mesmo, era adorado pelos seus alunos.
Cumpridor de seus deveres, ele raramente chegava atrasado aos seus compromissos. Porém, quando chegava, ele com um sorrisão no rosto e um jeito meio desconfiado, ia logo se explicando e culpando sua obesidade. Dizia que a gordura era o motivo do seu atraso, mas falava isso com uma graça, que nós nunca soubemos ao certo se isso era verdade. Para brincar com ele e deixa-lo à vontade, a gente falava que a culpada era mesmo a gordura, só que não a abdominal, e sim a das carnes que ele comia quase todos os dias. Sabíamos que ele adorava churrasco. Também pudera, ele era gaúcho.
Era só risada! E o clima para começar a aula ficava ótimo.