Necrotério Hospitalar Haikais
Lençóis dobrados,
nomes presos em pulseiras,
fim inevitável.
Mármore gelado,
tempo que para ali dentro,
último abrigo.
Porta que se fecha,
um ciclo de vida finda,
adeus sem calor
Vozes ao redor,
mas o corpo não escuta,
a vida se foi.
Etiqueta presa,
a última identidade,
sem mais futuro.
Corações parados,
máquinas já desligadas,
só o silêncio fica.
Ar gelado sopra,
no necrotério vazio,
tudo é um adeus.
Manhã cinzenta,
numa sala sem relógio,
o tempo parou.
Fria é a pele,
lençol cobre o que restou,
nada além do fim.
Angélica Lima