AKI KAI INFÂNCIA
O menino teimoso que ainda habita em mim
Não tem pressa raiva dor tristezas
Ele vive de encatamentos,ele é poeta.
Nos meus olhos do menino que fui outrora
A vida caminhava tão tartarugamente que
Nem a hora de dormir apagava meus devaneios
Meu material de estudo me acompanhava
Dentro de uma bolsa feita de retalhos coloridos
Os retalhos de minha infância viraram poesia.
Em dias de alvas e doces nuvens
Meu olhar guloso me alçava ao céu
Porém meus pequeninos braços me frustravam.
Uma única vez mirei meu estilingue
Em uma árvore da qual saia cantos
Até hoje o canto cessado me atormenta.
Em um ato de extrema e não sabida crueldade
Revirava telhas amontoadas no fundo do quintal
E fazia dos tatuzinhos minhas bolinhas de gude.
Fechei os olhos por um breve instante
E me vi no alto de uma jabuticabeira
A jabuticaba extraviada do vizinho era mais doce
Pera maçã uva
O primeiro beijo
Era motivo de fofoca e contentamento.
Um dia capturei uma joaninha
Com uma borracha e tentei apagar suas bolinhas
O resultado foi deveras desastroso.