Ode Imigrante
Tal como tantos,
Deixaram suas casas
Faminta gente.
Abandonaram
Marés de incerteza
Em suas terras
Para nos mares
Encontrar o futuro
De imigrantes.
Nas viagens o
Duro sacrifício
A vida cobra,
Outra dívida
Impagável fora a
Do agiota
Que corpos pagam
A perder de vista nos
Escuros porões.
Fazem promessas
Da velha vida nova,
Seus novos lares,
Enquanto cantam
Cantigas de tradição
E saudade.
Quem sobrevive
Contará a história,
Mas há de mentir:
Na vida somos
Sempre o emigrante
À despedida.
Só o presente,
Sem lembrar o passado,
Não há futuro.
Mas a estes foi
Penhorada a visão,
Desiludidos.
Aqui também são
Explorados serventes
D'outras maquinas.
Aqui há fome
D'outras bocas por comer.
Gente como tu
E que trabalha
Noutras fábricas comuns
Do subemprego.
Outros a sonhar
Poder fugir da crise,
Do desemprego.
Crises do mundo,
Em imaginária
Felicidade,
Perpétua e
Vitalícia, longe
D'onde se está.
Todos somos sós
A procura de algum
Lugar melhor e
Imigrantes à
Ganância de homens
Donos de tudo.
Não há distinção
Entre raças, credos e
Sexos iguais.
Seremos todos
Imigrantes em terras
Sem nacionais!
Hernán I de Ariscadian - Ode Imigrante