Haikais! Haiais! II
A noite é grande companhia
Para o coração triste
Que morreu durante o dia
Tenho todo o tempo do mundo
Para viver e morrer
Em apenas um único segundo
Não tenho medo do desprezo
Nem da morte sequer
Tenho medo do ar e do seu peso
Quantas perguntas eu já fiz?
Quantas foram
As respostas que me fizeram feliz?
Foi quase ontem, é quase agora
Meu tempo morreu
E isso chamamos história
Ah! Quanto mais respiro
Mais me sinto
Que me acaricio e me dito
Aproveitem, poetas, os versos
Tudo morre, acaba
E os instantes são inversos
Eu já perdi tantas coisas! Até a flor lilás...
Mas aí chega a vida e me diz:
Fique calmo! Mais na frente tem mais!
Apenas um menino é isso que eu sou
É que todos os meninos choram
Me diga aí quem nunca é que nunca amou?
São girafas azuis e rosados elefantes
Que iam naquele carrossel
Que desapareceu em um instante
De tanto me dizerem apenas o não
Reuni vários pedaços
E fiz pra mim das palavras uma canção
É quente! É frio! É certo ou é errado!
São apenas vãs proposições
A verdade é a chuva que cai em cima do telhado!
A poeira espera que nasça o dia pra bailar
Dança em cima das coisas
Até que chegue a sua hora de descansar
São inconstantes todas as indeterminações
Todas aquelas que saem
Da boca de nossos senhores os barões