Haikais! Haiais! II

A noite é grande companhia

Para o coração triste

Que morreu durante o dia

Tenho todo o tempo do mundo

Para viver e morrer

Em apenas um único segundo

Não tenho medo do desprezo

Nem da morte sequer

Tenho medo do ar e do seu peso

Quantas perguntas eu já fiz?

Quantas foram

As respostas que me fizeram feliz?

Foi quase ontem, é quase agora

Meu tempo morreu

E isso chamamos história

Ah! Quanto mais respiro

Mais me sinto

Que me acaricio e me dito

Aproveitem, poetas, os versos

Tudo morre, acaba

E os instantes são inversos

Eu já perdi tantas coisas! Até a flor lilás...

Mas aí chega a vida e me diz:

Fique calmo! Mais na frente tem mais!

Apenas um menino é isso que eu sou

É que todos os meninos choram

Me diga aí quem nunca é que nunca amou?

São girafas azuis e rosados elefantes

Que iam naquele carrossel

Que desapareceu em um instante

De tanto me dizerem apenas o não

Reuni vários pedaços

E fiz pra mim das palavras uma canção

É quente! É frio! É certo ou é errado!

São apenas vãs proposições

A verdade é a chuva que cai em cima do telhado!

A poeira espera que nasça o dia pra bailar

Dança em cima das coisas

Até que chegue a sua hora de descansar

São inconstantes todas as indeterminações

Todas aquelas que saem

Da boca de nossos senhores os barões

Carlinhos De Almeida
Enviado por Carlinhos De Almeida em 31/10/2018
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