Haicais de outono
                     Começou hoje, 20 de março de 2017, às 7hs29min
 
        A Eunice Arruda, in memoriam. Ave, querida! Adeus, que  partiste... em 21 de março de 2017. Adeus, amiga, tu, uma das maiores poetas de toda a história da literatura brasileira. Adeus.
 


Flores da paineira.
No parque, o casal velhinho
com as mãos enlaçadas.


O asilo em silêncio.
Encolhido no poleiro
velho papagaio.


Jardim às escuras.
Só a presença dos grilos
e melancolia.


O velho espantalho
e o menino da cidade.
Ambos espantados.


O campo de outono
amanhece devagar.
Trânsito feroz.


Flash do relâmpago.
Todo o horizonte visível

presente na foto.

Esta lua cheia
ilumina todo o quarto.
Falta um violão.



Uma orquídea brota
e alegra esta sala inteira:
Lembrança do amigo.


Bruma matinal.
A música dos ruídos
compondo a cidade.


À beira do lago.
Só o voo das libélulas
movimenta a tarde.


Lua-desta-noite.
Haicaístas tomam chá
no jardim do templo.


  
  
Felizes meses de outono, amigos. Abraço grande.


 
 
Eu e amiga querida, a grande poeta Eunice Arruda, uma das maiores deste triste país. Eunice, que se foi neste 21 de março de 2017. A ti ofereço estes meus haicais de outono.À tua memória. Como é doloroso escrever isso, amiga, tu, exímia poeta e haicaísta. Saudade, Eunice... Saudade em mim, de  ti, de mim, de tudo... Saudade... No depois, como no agora, vale a pena pensar? Adeus, amiga.
Como estavas vivendo... Devo, em verdade, lastimar tua partida? Deveras, não o sei. Não o sei, mesmo. Ainda assim lastimo, tão fundamente amigas éramos...
Ah, e te vais no dia mundial da poesia... no dia mundial da poesia...

Foto: Setembro de 2012, há pouco mais de quatro anos e meio... Apenas há pouco mais de quatro anos e meio... Pois é... Assim é...