Aki Outono

mono okeba soko ni umarenu aki no kage

Em qualquer lugar

Onde se deixem as coisas,

As sombras do outono.

Kyoshi

kesa aki ya miiru kagami ni oya no kao

Ao mirar o espelho,

Na primeira manhã de outono,

O rosto do pai.

Kijô

kono aki wa nan de toshiyoru kumo ni tori

Neste outono,

Como estou ficando velho!

Pássaros nas nuvens.

Bashô

yuku aki no kusa ni kakururu nagare kana

O pequeno córrego

Se esconde sob o capim —

O outono fenece.

Shirao

meshidoki ya toguchi ni aki no irihi kage

Hora do almoço.

Pela porta, com os raios de sol,

As sombras do outono.

Chora

kare-eda ni karasu no tomare keri aki no kure

Num galho seco,

Um corvo pousado.

Tarde de outono.

Bashô

kono michi ya yuku hito nashi ni aki no kure

Por este caminho,

Ninguém mais passa —

Tarde de outono.

Bashô

chichi haha no koto nomi omou aki no kure

Penso apenas

Em meu pai e minha mãe —

Tarde de outono.

Buson

meigetsu ya ittemo ittemo yoso no sora

Lua cheia!

Por mais que caminhe,

O céu é de outro lugar.

Chiyo-jo

meigetsu wo totte kurero to naku ko kana

Lua cheia.

Me dá, me dá!

Chora a criança.

Issa

meigetsu ya ike o megurite yo mo sugara

Ah, lua de outono —

Andando em volta do lago

Passei toda a noite.

Bashô

meigetsu ya za ni utsukushiki kao mo nashi

Ah, lua cheia!

Nem mesmo um rosto bonito

Entre os presentes...

Bashô

zendera no mon o izureba hoshizukiyo

Ao deixar o portão

Do templo zen,

Uma noite estrelada!

Shiki

araumi ya sado ni yokotau ama no gawa

Mar agitado —

Estende-se até a ilha de Sado

A Via-láctea.

Bashô

sabishisa ya hanabi no ato no hoshi no tobu

Solidão.

Após a queima de fogos,

Uma estrela cadente.

Shiki

aka aka to hi wa tsurenaku mo aki no kaze

Apesar do sol

Ardendo sem compaixão,

O vento de outono.

Bashô

sabishisa ni meshi o kû nari aki no kaze

Em solidão,

Como minha comida —

Vento de outono.

Issa

uma no o ni busshô ari ya aki no kaze

No rabo do cavalo

Também há natureza búdica?

Vento de outono.

Shiki

inazuma ni satoranu hito no toutosa yo

Venerável

É quem não se ilumina

Ao ver o relâmpago!

Bashô

inazuma ya kinô wa higashi kyô wa nishi

Trovão —

Ontem a leste,

Hoje a oeste.

Kikaku

shiratsuyu ni jôdo mairi no keiko kana

No orvalho branco

Encontrarás o caminho

da Terra Pura!

Issa

mono no oto hitori taururu kakashi kana

Algo faz barulho —

Cai sozinho, sem ajuda,

O espantalho.

Bonchô

kakashi kara kakashi e wataru suzume kana

De espantalho

Para espantalho,

Voam os pardais.

Sazanami

yo no naka wa ine karu koro ka kusa no io

Minha casa de sapê —

Será tempo de colheita

No mundo lá fora?

Bashô

waga koe no kaze ni nari keri kinokogari

Minha voz

Torna-se vento —

Coleta de cogumelos.

Shiki

tanabata no uta kaku hito ni yorisoinu

A moça rodeia

O poeta que escreve versos —

Festival das Estrelas.

Kyoshi

furu-inu ya saki ni tatsu nari haka-mairi

O velho cão,

Na visita ao cemitério,

Segue à frente.

Issa

kari yo kari ikutsu no toshi kara tabi o shita

Oh gansos selvagens!

Desde que tempo

Tendes viajado?

Issa

kitsutsuki no hashira o tataku sumai kana

Ah, esta casa —

Pica-paus vêm bicar

Sua madeira.

Bashô

tombô ya toritsuki kaneshi kusa no ue

A libélula,

Sem conseguir se agarrar

A uma folha de capim.

Bashô

yuku mizu ni ono ga kage ou tombo kana

Sobre o curso d'água,

Perseguindo sua sombra,

Desliza a libélula.

Chiyo-jo

waga kage no kabe ni shimu yo ya kirigirisu

De noite minha sombra

Embebe-se na parede —

O grilo cricrila

Ryôta

io no yo ya tana sagashi suru kirigirisu

Noite na cabana —

Um grilo na prateleira

Procura por algo.

Issa

muzan ya na kabuto no shita no kirigirisu

Que tocante!

Debaixo da armadura

Sai um grilo.

Bashô

tombô ya mura natsukashiki kabe no iro

Libélulas!

Dá saudades da terra natal

A cor deste muro.

Buson

michinobe no mukuge wa uma ni kuwarekeri

A flor

Da beira da estrada

Foi comida pelo cavalo.

Bashô

kaki kueba kane ga naru nari hôryûji

Ao comer caqui

Ouve-se um sino tocar —

Templo Hôryûji.

Shiki

banshô ya tera no jukushi no otsuru oto

Sinos do anoitecer —

O barulho de um caqui maduro

Caindo no templo.

Shiki

yama kurete momiji no ake o ubaikeri

O morro escurece

E das folhas do bordo

O escarlate rouba...

Buson

yanagi chiri nakuzu nagaruru ogawa kana

O salgueiro se desfolha.

Restos de verduras

Descendo o regato.

Shiki

asagao no chi o haiwataru akiya kana

As campânulas

Se espalham pelo terreno —

Casa abandonada.

Shiki