Trama - coletânea de haikais de outono e inverno
Trama - coletânea de haikais de outono e inverno
intrincada trama
de um bem-te-vi a outro ~
manhã outonal
vida é peleja
mas sempre chega aquela ~
que não se deseja
caxirola
alguém não andava bem ~
da cachola
penitente
no rastro do sol poente ~
a noite estrelada
ranchinho de palha
por onde entra a luz ~
também vem o frio
dia da padroeira
esquadrinha todo o chão ~
um bando de pombos
pão de queijo e café
vem entrando pela casa ~
o vizinho do lado
parada na estrada
o filho não se esquece ~
do pé-de-moleque
manhã de neblina
sei mais da chuva de ontem ~
na terra molhada
1 de Junho às 08:37 · Curtir · 9
o velho rádio
bem perto de minha mãe ~
aurora sertaneja
meados de maio
o céu fica ainda mais belo ~
vestido de noite
ufa!
bem mais na ideologia ~
o efeito estufa
junho, aqui
a tarde se vai no cantar ~
de um bem-te-vi
ponte
as nuvens que me levam ~
além do horizonte
voo
de dentro para as bordas ~
borboletra
o velho rádio
bem perto de minha mãe ~
aurora sertaneja
- É o que acontece de manhã, na casa de minha mãe, tb. Café forte e cheiroso, que desperta até a vizinhança. Rs!
lua invernal
pego sua luz emprestada ~
mijada
igreja
a imagem que contemplo ~
também está em mim
templo
acima do cortejo ~
imagem que vejo
invernal marinha
o cheiro doce e morno ~
de sua bocetinha
verde esperança
aquecendo o hospital ~
sol da manhã
consultório médico
os que aguardam consulta ~
não falam de doença
cabelos brancos
feito o capim dos pastos ~
manhã de junho
hospital
em busca do que se foi ~
gente na espera
nós dois
antes e depois ~
terceiro estado
minério
que o homem escava em si ~
o mistério
isto ou aquilo?
o questionar noturno ~
de um grilo
o belo
tão breve ouro ~
do velho ipê
você não sente?
é o vento da mudança ~
neste fim de outono
Este haicai, um pouquinho diferente (mas, no msm sentido) estava no meu peito, durante a Marcha do Protesto de Goiânia. Levei cópias no bolso e... fiquei sem nenhuma delas!
que falta que faz
o canto de um pardal ~
nesta manhã
vai mais devagar
o relógio de parede ~
do hospital
Santo Antonio
sabem o paradeiro ~
do casamenteiro?
São Pedro das chaves
está todo iluminado ~
altar de cedro
São João menino
curau, paçoca, canjica ~
e meu desatino
ainda no céu
a lua à espera do sol ~
cheia de si
fumaça
o sinal de alerta ~
na praça
lua grande
não parece uma grade ~
só moldura
so sexy
smiling between my arms ~
dyslexic
férias
começa a gastar a sola ~
do chinelão
cidade ao longe
nos olhos embaçados ~
despalavrados
longa noite
que desce sobre a cidade ~
despalavrada
inverno
cadela em um cantinho ~
longe do vento
minha sombra
ora estica, ora encolhe ~
manhã pelo bairro
on ko tô?
okotô e symbal ~
na cabeça
Estácio, holy Estácio
o samba que brota do chão ~
sobe ao espaço
à palo seco
tiros certeiros nos versos ~
ouve-se o eco
jardim da fantasia
os olhos que se embriagam ~
só cinestesia
I feel fun
the sunligth at the window ~
band on the run
- Em homenagem à avassaladora passagem da turnê Paul Macartney, cujo show histórico lotou o estádio Serra Dourada...
nomeata
é homem-primata ~
o que mata
galho desnudo
o crepúsculo emudece ~
um beija-flor
graúna cantando
nas pedras do leito seco ~
lembrança da chuva
longa high-way
dos caminhos do coração ~
bem pouco sei
gazela
ele não está nem em si ~
e ela na dela
ah, sol inclemente
as plantas dos pés à mostra ~
hora da oração
nem as folhas caídas
mudam o caminhar do gato ~
à boca da noite
velhas canções
as coisas que me dizem ~
são velhas demais
verdes campos
da terra onde nasci ~
nem sempre é assim
mil perdões
ainda não sei cantar bem ~
as canções que compus
trocando em miúdos
era meu o coração ~
dentro do x-tudo
a noite inteira
chovendo na roseira ~
pra quê reclamar?
meus olhos
já não encontram os teus ~
inútil paisagem
encabulado
como fizeram a corcova ~
do Corcovado?
aflito
o eco é muito maior ~
que o meu grito
folhas secas
estalando ao meu pisar ~
devagar
pelo telefone
ninguém não vai te escutar ~
headphone
Amélia
mulher de verdade ~
e vive com Adélia
nos bailes da vida
não tenho mais coração ~
só a sua ferida
arrepare, não
enquanto engomo a calça ~
vou dançando valsa
força,
foco e fé -
tomando café
King Kong
a receita do psicólogo:
majong
Madalena
pode até surpreender ~
macarena
noite outonal
ideias que se chocam ~
feito icebergs
outono que finda
doce e travoso gosto ~
das pitangas
a velha cadela
nada pode apaziguá-la ~
nesta madrugada
noite no parque
para o busto zinabrado ~
só réstia do luar
fim de outono
outra vez sobre o telhado ~
um gato insone
meados de maio
a solitária do parque ~
meia e moleton
lua de outono
gatunos é que incomodam ~
diz-me o vizinho
vulto de bronze
sempre que lhe vem a noite ~
parece dormir
o segundo sol
vai dar tempo de avisar
quando ele chegar?
......................e
...................d
................a
.............d
...........i
........v
.....a
...r
g ad
o meu pensar que escapa
edadivon mes
outono que se vai
bem poucas folhas por cair ~
no sansão do campo
nos longos silêncios
vão chegando as despedidas ~
da velha cadela
pular da ponte
ou buscar água na fonte ~
hein, amor?
posso
vigiar seu carro ~
escarro
Goiânia
perfume de gardênia ~
me faz parar
fio maravilha
se fosse do outro lado ~
gol eternizado
subversão
quem imaginaria?
subvenção
os passos no chão
já parecem meditados ~
outono no parque
vitória
um bando de garças voa ~
acima da neblina