Haicais Sonolentos

Uma lagoa

A garça voa

Eu à toa

Velha lagoa

Libélula sobrevoa

Eu numa canoa

Um lago

Caniço mergulhado

Luar no olho do peixe

Um igarapé

Rã no aguapé

Um pé de altura

Verde muiraquitã

Entre os seios da cunhã

Amuleto de rã

Com a língua do Lácio

Sem ideogramas na grama

Em gramas escrevo haicais

Uma xícara de chá

Três versos limitados

Um poema infinito

Lagoa

Eu

Haicais

Olhos fechados

Céu da boca

Risco nos lábios

zoom! zoom!...

hum!... hum!.. hum!..

este foi dormir...

Passei a noite toda escrevendo

Haicais

A lua foi embora

E as estrelas foram dormir

E eu fiquei tentando polir

Estes diamantes orientais

Meu gato morto de sono

E eu

Meu pincel

Minha constelação de papel

E meu quimono

Tirando versos do lago

Flores da primavera

Folhas soltas mortas

De outono

Voando diante

Das minhas pálpebras

Sonolentas.

Luiz Alfredo - poeta

luiefmm
Enviado por luiefmm em 22/05/2013
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