Vitral - 40 haikais e 09 tankas
Vitral - 40 haikais e 09 tankas
01. mandi na linha
última isca que eu tinha --
foi o que salvou
02. vitral --
galhos da amoreira
a lua vai subindo
03. teu olhar --
dois farois ou milha
ou, duas trilhas
04. quando se apaga
todo o sol do gira-sol
ardem as sementes
05. feriadão
dentro do bermudão --
tranquilo e mudo
06. só eu vou mudando --
voltando à terra natal
a mesma paisagem
07. rua interditada --
à tardinha recolhem
o tapete de arroz
08. no velho limoeiro
cercado de folhagens --
ninho de rolinhas
09. puxa!
difícil fazer haicai
falando de bucha
10. dois jaós
cantando a horas --
no pé do morro
11. velha estrada
na brisa da tardinha --
odor de eucalíto
12. prova de fogo:
para fisgar as traíras
suportar muriçocas
13. feriadão
uma garrafa pet
descendo o riacho
14. ingá em flor
a visita barulhenta --
das maritacas
15. sinal vermelho --
andando entre os carros
vendedor de caquis
16. bairro do Itaquera
em concreto se ergue --
ninho de gaviões
17. raio x
em branco e preto ~
tudo o que diz
18. dois besouros --
não!, flores que nasceram
entre os bulbos
19. muda o dia em noite
e o pássaro em sombra --
ante à lua branca
20. tantos sentidos
no canto que agora ouço --
bem te vi!
21. vai-se a tarde
num farfalhar remoído --
o bambuzal
22. velho, velho mundo --
se envenenou a serpente
que tentou falar
23. de uma ave a outra
de uma árvore à selva --
noite de maio
24. o mundo de dentro
a curiosidade do vento --
cheiro de café
25. a curta distância
entre a mão e o dorso --
ânsia
26. arvores pernoitam
sem esperar do céu --
mais que este luar
27. nuvens se moviam
também se moviam pessoas --
à espera da noite
28. atchim!
saúde
oh, fiz o que pude
29. no céu azulado
em vão fogem da terra --
avião e pássaro
30. disputa de título --
dois times na peleja
e eu com inveja
31. disputa de título --
dois times na peleja
e eu com inveja
32. noite de domingo
canções do velho hinário
num templo vizinho
33. jabuticabeira
seus galhos cheios de frutos --
feito um sumiê
34. impressões
que sempre voltam aos olhos --
jardins de Monet
35. roncam os motores
pescadores saem aos poucos
porto de Aruanã
36. faz quase um ano
desvios e cones na pista --
uma ciclovia
37. trilha na mata
sinal dos rastros cobertos --
por folhas secas
38. brisa mansa --
da teia iluminada
gotas vão caindo
39. o fim do mundo
de maneiras difentes --
se pode escolher
40. da longa estrada
crônica registrada --
calçados surrados
......................
01. quando se apaga
todo o sol do gira-sol
dormem as sementes
uma canção, um repente
despertar ardente
02. rotas solares
cruzar sobre os mares --
sem fronteiras
o verbo que vale a pena
pena além de si
03. saudades --
do que não se vai
e do que não fica
janelas além dos olhos
a rima é bem mais rica
04. muda o dia em noite
e o pássaro em sombra --
ante à lua branca
voltando para suas casas
homens e trivialidades
05. a velha escada --
que deixa os meninos
perto das estrelas
os pés sobre a laje
que vontade de voar!
06. eu e a bateia
peneirando areia --
cadê a pepita?
um outro anoitecer
ouro só nas estrelas
07.ora
oratória
ariária
o resto é areia
história
08. lendovendo
me lembro do novovo
pêndolo
vendolendovendo
manolo
09. dentro de suas casas
trabalhando dia e noite
confeccionam sonhos
sem se chamar pelo nome
verdadeiras liberais