HAIKAIS IMPERFEITOS (176): Silvas e amoreiras

Poeta Galega enviou o poema “Silvas” (Código do texto: T1472850) ao “Recanto das Letras” em 06/03/2009.

Incluíra esta “dedicatória”:

“Dedico estas silvas (versos de dez e seis sílabas com rima consoante ocasional) a todas as pessoas amigas que me ajudam a superar o acidente de trânsito que infelizmente sofri o dia 4 de março passado. Encontro-me bem. Muito obrigada.”

Confirmo (ousado) que Poeta Galega está quase recuperada de aquele doloroso transe, que já pode oferecer às pessoas amigas e às interessadas concertos preciosos de guitarra.

O poema diz:

                     Despi-me de tudo, fechei os olhos

                     no brando leito de silvas deitei-me

                     à espera do mundo

                     vir rematar naquela breve hora

                     Mas era eu quem sem dor rematava

                     se for esse o destino

                     e o mundo as suas voltas continuava

                     De tudo me despedi, muito séria

                     solene e sincera

                     e nos braços dessa morte entreguei-me

                     dando o meu périplo por rematado

                     Mas foram as silveiras

                     moles e tenras silvas e amoreiras

                     que me resgataram da triste sina

                     deixando-me viver

                     e continuar as dores

Permiti-me aproveitá-lo para referir ao acidente de história, de cultura e de política que por longos séculos está a padecer o Povo da Galiza, da Galiza, junto do norte português, mãe da língua portuguesa:

Dá voltas o mundo...

Ou seremos nós, solene

Povo vagabundo?

Olhos tenros; fado

de amoreira em horas breves:

Destino resgatado...

Périplo dorido

Nos braços cruéis da morte:

Viver esquecido...

Povo à fiel espera

De sina despida e mole:

Feliz Primavera...