HAIKAIS IMPERFEITOS (168): Pergunta-se a lança:

Pergunta-se a lança:

“Por que dizem gruta à 'gruta'?

“Verdade absoluta?

“Entendo que é dança

“De desejos e vulcão

“De benta paixão.

“Mas gruta de breu...?

“Boca do vício embriagada

“gostosa e sagrada.”

Assim respondeu,

sacrílega e perfurante,

a lança obsidiante.

Nota importante.

Com certeza este haikai múltiplo é imperfeito, como todos ou quase todos os integrantes da série “Haikais imperfeitos”. E por que lhes digo e são imperfeitos?

No “Recanto das Letras” podem consultar-se bastantes comentários (e discussões) sobre o que possa ser um “Haikai” (ou “Haiku”) japonês transferido ao génio da língua portuguesa.

Dentre eles optei pelo intitulado “O que é... Haikai (ou Haicai)?”, de Bemtevi, que transcrevo em parte:

“Haicai é um poema de origem japonesa, que chegou ao Brasil no início do século 20 e hoje conta com muitos praticantes e estudiosos brasileiros. No Japão, e na maioria dos países do mundo, é conhecido como haiku.

“Segundo Harold G. Henderson, em 'Haiku in English', o haicai clássico japonês obedece a quatro regras:

* Consiste em 17 sílabas japonesas, divididas em três versos de 5, 7 e 5 sílabas

* Contém alguma referência à natureza (diferente da natureza humana)

* Refere-se a um evento particular (ou seja, não é uma generalização)

* Apresenta tal evento como "acontecendo agora", e não no passado.

“No transplante do haicai para outros países, algumas das regras anteriores são seguidas com maior ou menor fidelidade, enquanto outras podem ser mesmo ignoradas, dependendo de cada poeta ou da escola seguida. Nestas páginas, tentaremos definir o haicai escrito em português, especialmente a partir do ponto de vista do 'Grêmio Haicai Ipê', grupo que se reúne desde 1987 para estudar e praticar esta forma poética. [...]”

(Explicação enviado por Bemtevi ao “Recanto das Letras” em 03/09/2011.- Código do texto: T3197920).

Bom, como o/a leitor/a pode facilmente comprovar, os meus haikais desrespeitam quase todas as regras, salvo a referida à medida dos versos (5-7-5); daí a qualificação de “imperfeitos”, que os são.