HAIKAIS IMPERFEITOS (160): Ânfora e delírio
Foi delírio a rosa:
A roseira foi delírio:
Longe o mar gemia...
Ânfora melosa:
Noite de feliz martírio:
Perto goza o dia...
Roseira sonora:
Olhar de amor acendido:
Húmido cantar...
Ânfora senhora:
Fulgor de prazer florido:
Harmonioso lar...
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Tive presente a cantiga popular galega que Carlos Durão lembrou de cor:
Rosinha, Rosinha, Rosa,
não regues mais a roseira,
que esta noite vai chover
e rosa molhada não cheira.
Nos teus olhos negros vejo
o fundo escuro dos mares,
nos teus beiços de cereija,
a fonte dos meus pesares.
Eu quero cantar
na beira do rio,
como canta o merlo,
no prado florido.
Eu quero cantar
na beira do mar,
eu quero cantar ao som
das ondas ligeiras
que vêm e vão.