HAIKAIS IMPERFEITOS (142): Cães como homens?

De La Opinión de A Coruña (14, 04, 2012), da secção “La gran Coruña”, tiro esta notícia que traduzo do castelhano:

Pínio, do inferno aos Alpes.- Duas peregrinas suíças topam em Fisterra um cão malferido, pagam um mês e meio de tratamento numa clínica, e lhe enviam um bilhete de Alvedro a Zurique, onde vive agora

De estar abandonado numa berma, cheio de cortes e queimaduras que causavam horror, a estar são e a corricar feliz pelas montanhas dos Alpes suíços. Esta é a história de Pínio, que emocionou os vizinhos da Costa da Morte, e também a de Ruth e Patricia, duas peregrinas que salvaram este cão e lhe deram uma segunda oportunidade. É também mais uma história da iniciativa Salvacadelos que pôs em andamento a Clínica Argos e a web quepasanacosta.com.

Marta Villar (Crunha) Uma fina argola incrustada na carne quase o seccionava à altura das patas traseiras. Pelo resto do corpo tinha cortes e queimaduras tão grandes que era imposível suturá-las. E, sobretudo, tremia continuamente de medo. Assim chegou faz uns meses Pínio, um típico e nobre palheirão (ou cão de palheiro) galego, à clínica veterinária Argos, no município de Cee. Um vídeo mostra a vida deste cão hoje: tão feliz que não pode parar de correr e saltitar dando voltas arredor das suas novas donas, que escacham a rir fazendo-lhe carícias e roldando na erva para brincar com ele nos cumes dos Alpes suíços. Entre esses dous momentos existe toda uma história que se espalhou de boca em boca pela comarca e que aos habitantes dificilmente lhes esquecerá.

Ruth e Patrícia, mãe e filha de nacionalidade suíça, levavam centos de quilómetros nas costas percorrendo o Caminho de Santiago até Fisterra. Lá toparon numa berma um cão de cor canela, de cabeça pequena e patas longas, tão ferido que se horrorizaram e esqueceram a peregrinagem. "Chamaram por um táxi que as trouxo a esta clínica. Na comarca há muito emigrante e muita gente que sabe inglês ou alemão. Entendemo-nos em inglês. Elas queriam levá-lo a Suíça, mas dissemos-lhes que precisava muito tempo para sarar e tinham de voltar numa semana. Dissemos-lhes que o daríamos em adopção quando se recuperasse, mas tinham claríssimo que queriam levá-lo com elas e que pagariam todas as despesas", explica uma das veterinarias de Clínica Argos, Irene García Patiño.

O animal, batizado como Pínio pelas duas peregrinas antes de se ir embora, requeriu um mês e meio de cuidados até se recuperar. "Primeiro operamo-lo. Demos-lhe calmantes e retiramos-lhe o cabo que tinha incrustado arredor do lombo. Depois cosemos as feridas, mas algumas eram tão grandes que os pontos não aguantavam tanta tensã, e houve de optar-se por lhe fazer curas contínuas até que cicatrizou a carne. E, pouco e pouco, com medicação para a infecção e a dor, foi sarando e vimos a cara, porque, quando chegou tinha os olhos tão inchados que nem se sabia como era. Chegou com muito medo, muito delgado e desconfiado. Não sabemos que lhe pôde acontecer, até que ponto tinha danos por um acidente e quantos foram feitos a propósito", lembra Irene García.

Enquanto durou o processo de curação, Ruth e Patrícia, as duas peregrinas suíças que o achara, comunicavam-se a cotio por correio eletrónico com a clínica veterinária para conhecer o seu estado e evoluçã. "Pagaram tudo: a curação, os dias de estância na clínica, medicamentos, operação, transporto, microchip, vacinas, passaporte e todos os trâmites".

Quando Pínio sarou de vez, as salvadoras pagaram-lhe também o bilhete de avião a Suíça. Saiu do aeroporto de Alvedro, na Crunha, rumo a Zurique, com escala em Madrid. "No aeroporto conhecemos quanto dura a tramitação, estivemos muito tempo até ter tudo em regra para que pudesse voar. Pagamos as taxas e a seguir as peregrinas tiveram de pagar lá de novo impostos por entrar no país, segundo nos contaram depois", narra Irene.

"Quando partiu no avião, foi horroroso. Passamo-lo fatal, vê-lo ir-se. E ele igual, choromicava. Depois elas disseram-nos que chegara bem, e agora mantemo-nos em contato regular por correio eletrónico, como esse vídeo que nos enviaram do Pínio nos Alpes. Vê-se-lhe tão feliz. Teve muita sorte. E merece-o".

"Tivemos muitas histórias parecidas, há muitos estrangeiros que fazem o Caminho e que topam um animal ferido e logo o levam, deve de ser porque pensam que é o destino ou um sinal, pela parte espiritual, mas nenhuma história como esta; marcou-nos muito a todos a história de Pínio", acrescenta Irene García. A clínica veterinaria Argos de Cee e a web informativa de referência na comarca, www.quepasanacosta.com , são as responsáveis da iniciativa solidária Salvacadelos con a qual tentam dar uma segunda oportunidade a animais abandonados, perdidos e maltratados.

http://www.laopinioncoruna.es/gran-coruna/2012/04/14/pinio-infierno-alpes/599218.html

E desde a notícia fiz estes haikais:

Os cães são como homens?

Ou os homens como cães?

Alguém o esclarece?

Diz uma sentença:

"Lobo é o homem para o homem".

Mas por que não cão?