Borboleta - 16 haikais

01. pátio do asilo –

salta o anú pela grama

catando insetos

02. uma borboleta

... voando e pousando e voando

canteiro de cravos

03. ao vagar do sol

a cadela se muda de lugar

finda o verão

04. aos berros, o rato

põe para correr o pato --

piscado do sapo

05. depois de muito sol

chuva nas velhas calçadas

não paro de espirrar

06. nem sei o que digo:

vejo todos estes prédios

em outros prédios

07. ruidosa manhã --

as araras seguem juntas

no voo pelo vale

08. me and Mrs. Jones --

a hard sense of lust

aroud my tongue

old way to do things

old way to sing songs

10. noite de verão

o essencial é invisível --

queimou um fusível

11. idas e voltas

e outras voltas e idas

quase uma vida

12. dois tombos

no piau temperado --

rendeu um bocado

13. noite de verão

o essencial é invisível --

queimou um fusível

14. those things

I've not yet done --

rolling stone

15. um copo de vinho --

a impressão desperta

visão incerta

16. mesmo à noite

quando as sombras se misturam --

a visão das árvores

O haicai, assim como outras manifestações poéticas, nunca foi estático. E no haicai brasileiro, as mais diversas e bem sucedidas experiências e vertentes foram exploradas.

No momento, estou interessado na expansão da minha experiência com o haicai, no sentido de encontrar novas formas de expressão. Em boa parte destes, tento imprimir certos efeitos (especialmente a idéia de movimento), a partir da exploração gráfica ou sonora, noves fora tentar elevar ao limite a antropomorfização (que era presença razoavelmente frequente nos haicais dos velhos mestres).

Se fui competente nisto, é outra coisa...