Uma transformação de dentro para fora, como um íntimo segredo...
 
Gosto de observar casulos de borboletas: lagartas sem graça que adormeceram, esperando a mágica metamorfose. De fora olho e tudo parece imóvel e morto. Lá dentro, entretanto, longe e invisível, a vida amadurece vagarosamente.
A transformação de uma lagarta em uma bela borboleta é algo verdadeiramente encantador.
Mais que uma mudança, sugere mesmo uma transmutação, algo bem profundo. Ao se fechar em si, como crisálida, fecha-se para o mundo e isso permite toda essa transformação, que vem de dentro para fora, como um íntimo segredo.

Chegará o momento em que ela será grande demais para o invólucro que a contém e se romperá. Então a borboleta sairá, livre, deixando sua antiga prisão e voará livremente, sentindo a liberdade tocar a leveza de suas asas.
Quando as borboletas saem para o mundo e nos encantam com seu voo, parecem brincar entre as flores dos jardins, como poetizou Vinicius de Moraes em seu poema As Borboletas: «brincam na luz as belas borboletas...» Ao brincarem parecem cores esvoaçantes, flores que voam, pontos luminosos alados. São suavemente delicadas, coloridas, belas... E, sagazes que são, as borboletas voam atingindo distâncias que poucos creem que elas são capazes de percorrer.  Poesia, flores e borboletas: uma associação maravilhosa!
 


 
HAICAI LV

Borbole(teia)
Dentro do alvo casulo
Um poema azul



RJ, 10/02/2012
Ana Flor do Lácio





Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 10/02/2012
Reeditado em 10/02/2012
Código do texto: T3491982
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