Visto desta varanda para o mar, o horizonte é um traço indefinido, difuso pelo cinza da distância. Lá em baixo, moldando pacientemente as pedras, o labor das vagas espumosas sussurra um ignoto e repetido cântico. Será talvez o eco das vozes longínquas dos marinheiros que pisaram estas praias séculos atrás... 
O mar ensinou-me que, apesar de eternas, jamais verei as mesmas ondas. São sempre novas as águas que se agitam à frente do meu olhar. Tudo nele é constante renovação. 
Vistos desta varanda para o mar, passado e futuro deixam de ter importância, apenas importa este momento, ainda que breve, em que recebo do mar e a ele devolvo o ar que respiro, que me renova e me dá vida.
No eterno namoro que as une, as ondas enrolam-se ternamente no moreno das pedras, parecendo perpetuar esse encontro em constantes beijos de amor. Sopra a brisa suave e, numa terna e eterna carícia, faz voar os salpicos desses beijos molhados que tocam meu rosto... Simplesmente fecho os olhos para sentir mais profundamente a sublimidade deste momento...

 


HAICAI LIV

Tantos séculos
cantando a mesma canção
...eternas ondas...


Ana Flor do Lácio





Uma foca orando
ondas avançam e fogem
Praia de Ipanema 


(Afonso Martini)





Marulhar sereno
canta canções de ninar
Me deixo embalar

(HLuna)






Tais ciclos vitais,
Que o universo vibra,
O mar move sais...


(Jacó Filho)


Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 09/02/2012
Reeditado em 31/05/2013
Código do texto: T3489495
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