Fim de tarde cinzenta, a chuva ameaçando cair sobre as pedras portuguesas do Calçadão.
Lá estava o meu Poeta, calmamente sentado, observando as poucas meninas que naquele momento passavam. Sentei-me ao seu lado e começamos nosso diálogo silencioso. Abraçei-o emocionada. Com um dedo, fiz um carinho no seu queixo e na pontinha do nariz. Pareceu-me sorrir, talvez tivesse sentido cócegas…
Coloquei a minha mão no seu joelho e, segurando uma lágrima de emoção, disse-lhe: «Canta-me um dos teus versos que tanto me fazem sorrir e sonhar…»
E o meu Poeta cantou, e encantou-me como sempre! Depois falei-lhe da minha terra, das suas belezas naturais, do azul do seu mar, tão bonito e profundo como o azul do mar que se estendia atrás de nós.
Fiz mil e uma perguntas. Ele me respondeu que a cada dia eu encontraria uma resposta para todas elas. Contei-lhe que tal como ele, eu também era uma sonhadora e também acreditava ser possível uma flor nascer no asfalto. Começou a chover e despedi-me entre sorrisos e afagos. Levantei-me e fui embora, sentindo no coração e nas mãos o delicado presente do meu Poeta: todas as respostas para as minhas perguntas estavam dentro de mim…
Não, não podia ser apenas uma estátua. Era antes a extensão do imenso oceano onde cabem todas as palavras de Drummond, de todos os poetas, e de todas as pessoas que acreditam num mundo melhor...
HAICAI XLIII
Com ou sem rima
sussurro em seu ouvido:
bela obra-prima!
Ana Flor do Lácio
E de verso em verso
Forma-se um mar de poesia
É o divino mestre.
Luiz Moraes
O Drummond da pedra:
espinho e flor no caminho.
Um verso que medra.
José de Castro
E de cada arcano, verso
A imaginar tal universo
Ana, o oceano, submerso
Juninho Correia
Com versos de luz
Fizeste Drummond sorrir...
E Deus a conduz...
Jacó Filho