Acordei  de  madrugada com aquele barulho gostoso das gotas da chuva
batendo  nas  vidraças  da  janela do  quarto,  ligeiramente  aberta.
O vento e o frio convidavam a cobrir-me, a aconchegar-me e continuar
o meu sono  repousante  e,  sonhando acordada, senti saudade do velho
e  macio  pijama  e do cheirinho de chocolate quente das manhãs frias
da infância…
  São  reconfortantes  as  manhãs  de  chuva, assim, chuva
calma,  vendo  os  pingos  que  fazem  e  refazem  caminhos... Dedos na
vidraça  recriam um universo de riscos, rabiscos, desenhos abstratos…
Coloquei  as  mãos  para  fora e senti os pingos  de  chuva como um beijo
molhado na pele. Saber ver é sentir o que se olha. É olhar de perto aquilo
que  passa  despercebido,  como  simples  gotas  de  chuva  na  janela...

A manhã está escura, fria e molhada, aqui, na cidade maravilhosa...



HAICAI XXXIX

Gotas de chuva
escorrem na vidraça
lágrimas do céu


29/01/2012,
Ana Flor do Lácio





Minh'alma reclama,
Respingando lágrimas...
Choro na cama...
 

(Jacó Filho)
Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 29/01/2012
Reeditado em 30/01/2012
Código do texto: T3468158
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