HAICAIS DAS QUATRO ESTAÇÕES

Paisagem dourada.

Pela alameda de ipês

os ciclistas cantam.

Bolhas de sabão

levitam, sonhos translúcidos

por alguns instantes.

Noite pelo meio.

Só a lua enevoada

contempla-me a insônia.

O prego é o mesmo

a agenda, novinha em folha.

Que nos traga sorte!

Taças de sorvete

domingo à tarde, no shopping.

Criançada em festa.

Flores da paineira

refletidas na vidraça.

Quadro natural.

Guri de cidade.

De olhos arregalados

ele e o espantalho.

A mosca outoniça

a esmo, sobre o tapete.

Parece não ter asas.

Desmancha o tapete

procissão de Corpus Christi

e todos aplaudem.

Velho solitário

diante do mar de inverno

e nenhum navio.

Na manhã de 30 de novembro de 2011.