Ano Novo - 09 haicais
Ano Novo - 09 haicais
01. festa de Ano Novo
não querem que falte nada --
fujam leitões!
02. belo calendário
que recebi de presente --
devagar com os dias!
03. num sebo da rua 4
sem pressa ou expectativa --
presente de Ano Novo
04. um ano se vai
e foi apenas mais um --
os sonhos mudam
05. branco por cima
e o vermelho lá por baixo --
moças no Reiveillion
06. um ano que finda
tantos projetos eu fiz --
mas foi só mais um
07. garrafa de espumante --
presente que o ano novo
mandou me entregar
08. também os pássaros
dão adeus ao ano velho
num pé de ingá
09. fina chuva cainda --
a primavera se vai
com melancolia
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Fantástica intereção de Henricabílio:
leitões e perus:
fujam que se faz tarde
nem todos têm festa
Primorosa interação de Nete Brito:
coitado do leitão --
com uma maçã na boca
é o prato da festa
Interação de Marina Alves?
Ano Novo vem
leitãozinho vira alvo
no prato gostoso
Estou meio eufórico, pois acabo de receber o magnífico haicai abaixo, da haijin Zuleika dos Reis. Leiam com atenção e, percebam que há um personagem humano claramente definido, um cenário, um itinerário e ação, consistente na busca da personagem - tudo isto, dentro das três linhas e métrica regulamentar do poema... E este é daqueles haicais cujo "momento" acontece na mente e, depois seguimos, tentando ir além dele. E o estou postando aqui, pois ele tem a ver com sentido do tema da coletânea, pois fala em caminho e, recomeço.
perdida na noite.
Na trilha dos vaga-lumes
busco o meu caminho.
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Poética interação de Luiz Gustavo Pires (uma elaboração que, se vê facilmente, se comunica com a anterior...):
já nos veremos
ao cair do orvalho
pela via láctea
Em 04.01.2011: o haijin Luiz Gustavo Pires passou por aqui e deixou de presente mais estes magníficos haicais, que publico como interação:
01. eé pro ano novo
em meio a todos os fogos
que faço este brinde
02. é do ano velho
em meio a borbulhas
que me despeço
03. incessantes
na noite de ano novo
fogos de artifício
04. também incessantes
ao fim do ano velho
goteiras na varanda
Eu passei a noite de Ano Novo no interior do meu estado, Goiás, mas é impressionante como estes haicais retratam a noite que vivi, entre fogos, vivas, cumprimentos e o tempo invernado... Esta é a magia que só o haicai tem: independente do tempo, do espaço e do lugar, imagens, idéias, sensações e sentimentos se reproduzem na mente do leitor, independentemente da hora, lugar ou cultura. Valeu, Luiz, estou honrado - e, como já lhe disse, repito: está na hora de pensar num livro só de haicais, meu caro!