ALGUNS HAIKAI – Umas em cheio, outras em vão - II

Faço poema

o tempo temeroso

pára e oscila.

Depois do pacto

o pastor e o patrão

fundaram o mundo.

Aranha fútil

tecendo sua teia

em cama ardente.

Falo duro sim

no fio da navalha

de tuas carnes.

Acendo vela

à santa ignorância

ao morrer da luz.

O tempo corre

a morte obrigatória

caminha à frente.

Poeta insone

um navio ancorado

no breu da noite.

Homem sem data

meu corpo inteiro chora

o aniversário.

Bendito seja

o coito interrompido

dos pecadores.

Dentes à mostra

a caveira ri de nós

pobres mortais.

Riso de escárnio

teu crânio descarnado

cospe mistérios.

Quatro paredes

meia dúzia de copos

seis almas torpes.

Quatro paredes

dois amantes bissextos

um coito avaro.

Senil palhaço,

Olvidei o carnaval

Pierrot manco.

Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 17/02/2010
Código do texto: T2091969