ALGUNS HAIKAI – Umas em cheio, outras em vão - II
Faço poema
o tempo temeroso
pára e oscila.
Depois do pacto
o pastor e o patrão
fundaram o mundo.
Aranha fútil
tecendo sua teia
em cama ardente.
Falo duro sim
no fio da navalha
de tuas carnes.
Acendo vela
à santa ignorância
ao morrer da luz.
O tempo corre
a morte obrigatória
caminha à frente.
Poeta insone
um navio ancorado
no breu da noite.
Homem sem data
meu corpo inteiro chora
o aniversário.
Bendito seja
o coito interrompido
dos pecadores.
Dentes à mostra
a caveira ri de nós
pobres mortais.
Riso de escárnio
teu crânio descarnado
cospe mistérios.
Quatro paredes
meia dúzia de copos
seis almas torpes.
Quatro paredes
dois amantes bissextos
um coito avaro.
Senil palhaço,
Olvidei o carnaval
Pierrot manco.