Ribeirão dos Moleques, rio Turvo - haicais e tankas

Ribeirão dos Moleques, rio Turvo - haicais e tankas

01.

margens do rio Turvo

a mais silente lição

em suas águas espelhadas:

após o longo curso e voltas

a dissolução - e mais nada!

02.

folha espalmada

tal a mão de um menino

desce na corrente

águas prenhes de lembrança

o ribeirão dos Moleques

02.

a fazenda alugada --

tantos quartos e prédios

sob a moenda do tempo!

o dono anda bem longe

e o pomar morre aos poucos

03.

um velho tênis

abandonado ao relento --

fantasia desperta

lembra a bota de Armstrong

abandonada na lua

.............................

01.

vento nas palmeiras --

despertando com o ruído

pensei que chovia

02.

manhã na fazenda --

o gado vem ao curral

com gritos do tio

03.

pássaros matinais

cantando ao mesmo tempo --

a polifonia!

04.

músicas antigas

e o duro mundo da roça

parece encantado

05.

tô fraco!, tô fraco!

canta o macho orgulhoso

no meio das angolas

06.

um tênis usado

jogado no meio do pasto --

terá vindo à pé?

07.

a prova de fogo --

para trazer o pescado

suporto as muriçocas

06.

houve um naufrágio?

um pote de plástico desce

correnteza abaixo