HAIKAIS IMPERFEITOS (9): ... buracos...
Desculpe-se-me a ousadia, mas não sou quem de resistir a tentação. Recobrei a leitura do SENHOR SETE (1961), de Trindade Coelho.
Embora seja conhecido, lembro com a wikipédia: «José Francisco Trindade Coelho (Mogadouro, 18 de Junho de 1861 — Lisboa, 18 de Agosto de 1908) foi escritor, magistrado e político português. A sua obra reflecte a infância passada em Trás-os-Montes, numa atmosfera de tradições que ele fielmente retrata, sem intuitos moralizantes. O estilo natural, a simplicidade e candura de alguns dos seus personagens, fazem de Trindade Coelho um dos mestres do conto português. Fiel a um ideário republicano, dedicou-se a uma intensa actividade pedagógica, na senda de João de Deus, tentando elucidar o cidadão português para a democracia.»
E do SENHOR SETE vou tirar proveito para refazer ou desfazer (talvez mais isto do que aquilo) à maneira de haikais, prosaicos, muito prosaicos, as agudas observações do autor.
Reiterando o meu pedido de perdões, começo por «Os sete buracos que temos na cara».
Explica Trindade: «Efectivamente: dois olhos, dois ouvidos, duas ventas, e então a boca. Sete.- "Não é mais que eu. Na cara temos ambos sete buracos; e daí pra baixo, por dentro e por fora, põe que somos iguais!" Uma razão fisiológica... de igualdade!"» (p. 58)
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Eis os dous primeiros HAIKAIS PROSAICOS, da igualdade radicalmente biológica ou simplesmente da igualdade:
Os buracos fazem
Com que sejamos nós todos
Iguais todo o ano:
Os sete da cara:
Olhos, ouvidos e ventas,
Boca ... E mais ainda...