Haikai / Haibun

SOB OLHAR DO POETA

 

A depender dos olhos que veem, composto está um rico relatório de caráter verdadeiro, contando em detalhes circunstâncias recorrentes, comuns a tantos que por ali passam e/ou frequentam regularmente, nada mais.

 

A depender dos olhos que veem, se de um Poeta, o mesmo cenário recorrente e comum expande-se em significados tais que alcançam e influenciam e deleitam a tantos outros que nada viram, mas que, pelos olhos sempre sensíveis e atentos de um artista têm o privilégio de compartilhar das emoções e de estar em um ambiente em que, na realidade, jamais estiveram e, quem sabe, nunca estarão.

 

Olhares não passam de olhares se, vendo, não enxergarem.

 

Pelos olhos do artista, vi-me como parte de um cenário vernal matinal de espetáculo ímpar: um ambiente arbóreo com harmonia e sintonia presentes em meio a encantos da natureza, desde os primeiros raios solares tremeluzindo por entres as folhas das árvores com efeitos cintilantes, decorrentes da ação de uma agradável brisa que, por vezes, resvalam carinhosamente o meu rosto, proporcionando um frescor sem igual na pele nesses dias em que tem havido a predominância do calor, mormente, de um mormaço daqueles que, mesmo que as chuvas desaguem e façam o que delas anseamos, este insiste em ficar; essa experiência passa também pelos diversos sons da área urbana mesclados por ruídos da própria natureza, como os estalidos das folhas, flores e sementes se desprendendo, vindo ao chão, cobrindo-o com suas cores; bem como o som, talvez, de cigarras, pássaros (como o faceiro bem-ti-vi), pessoas frequentadoras do espaço com seus animais domésticos, etc., e, por fim, o som especial de um HAIKAI, audível somente ao coração de quem tem a sensibilidade e capacidade de TORNAR-SE UM com tudo isso, tal qual fez o nosso POETA MAURÍCIO.

 

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inda em descanso

não perde inspirações -

dá-lhe, Maurício

 

[Imagem do Grupo 'Chá das Cinco'].